Poema Metanáutica

Deixa-te ser viável como um bosque
ou jardim ou pomar por onde possa
ir passando a pessoa pela sombra
ou pela flor ou pelo fruto ou pela
singular vocação ambulatória:
deixa-te ser viável como um rio
ou lago ou mar por onde possa ir
passando o navegante ou nadador
pelo afã de chegar ou pelo puro
sentir-se em ti flutuante ou imerso:
deixa-te ser viável como um ar
por onde possa ir passando a asa
que como tal se procure ou encontre
firme ou frágil… Mas bosque ou jardim ou
pomar ou rio ou lago ou mar ou ar,
deixa em ti leccionar-se o transeunte
que viver são instâncias de passar.

(1 votes, average: 5,00 out of 5)

Mais poemas:

Ode à Paz Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza, Pelas aves que voam no olhar de uma criança, Pela limpeza do […]...
Despondency Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram Ninho e filhos e tudo, sem piedade… Que a leve o ar sem […]...
Cerca de Grandes Muros Quem te Sonhas Cerca de grandes muros quem te sonhas. Depois, onde é visível o jardim Através do portão de grade dada, Põe […]...
O Sapo Não há jardineiro assim, Não há hortelão melhor Para uma horta ou jardim, Para os tratar com amor. É o […]...
Algumas Proposições com Crianças A criança está completamente imersa na infância a criança não sabe que há-de fazer da infância a criança coincide com […]...
Ruínas Se é sempre Outono o rir das Primaveras, Castelos, um a um, deixa-os cair… Que a vida é um constante […]...
Canção à Ausente Para te amar ensaiei os meus lábios… Deixei de pronunciar palavras duras. Para te amar ensaiei os meus lábios! Para […]...
Reduzir a Dependência das Coisas Tudo consiste em reduzir a dependência das coisas. Partes amanhã. Não mais nos veremos. Um pouco o desertor a cada […]...
Fica Comigo Mãe, arqueia os joelhos para que o crepúsculo do medo possa ceder ao berço onde repouse. E não me toques. […]...
A Proibição Tem cuidado ao amar-me. Pelo menos, lembra-te que to proibi. Não que restaure o meu pródigo desperdício De alento e […]...
Última Folha Musa, desce do alto da montanha Onde aspiraste o aroma da poesia, E deixa ao eco dos sagrados ermos A […]...
Gazel do Amor Desesperado A noite não quer vir para que tu não venhas, nem eu possa ir. Mas eu irei, inda que um […]...
Baby! Baby! Sossega a tua voz. Não digas mais Essas canções do Mundo. Deixa que eu esqueço Que fui menino ao […]...
Pátria Por um país de pedra e vento duro Por um país de luz perfeita e clara Pelo negro da terra […]...
Se em Nós a Solidão Viver Sozinha Se em nós a solidão viver sozinha, sem que nada em nós próprios a perturbe, cada figura passará rainha na […]...
Jura Pelas rugas da fronte que medita… Pelo olhar que interroga – e não vê nada… Pela miséria e pela mão […]...
Louvor do Revolucionário Quando a opressão aumenta Muitos se desencorajam Mas a coragem dele cresce. Ele organiza a luta Pelo tostão do salário, […]...
O Album Minha Júlia, um conselho de amigo; Deixa em branco este livro gentil: Uma só das memórias da vida Vale a […]...
Maldição Se por vinte anos, nesta furna escura, Deixei dormir a minha maldição, – Hoje, velha e cansada da amargura, Minh’alma […]...
Português Vulgar O meu gato deixa-se ficar em casa, farejando o prato e o caixote das areias. Já não vai de cauda […]...
Gazel da Lembrança de Amor Tua lembrança não leves. Deixa-a sozinha em meu peito, tremor de alva cerejeira no martírio de janeiro. Dos que morreram […]...
Plano Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor que se despeja no copo da vida, até meio, como se o […]...
Os Loucos Há vários tipos de louco. O hitleriano, que barafusta. O solícito, que dirige o trânsito. O maníaco fala-só. O idiota […]...
Barganha Domingo é dia de barganha. Troco um relógio dos antigos por um cavalo rosilho, um bode por um trinca-ferro, e […]...
Se é Doce Se é doce no recente, ameno Estio Ver toucar-se a manhã de etéreas flores, E, lambendo as areias e os […]...
Não Choro pela Pátria Não choro pela pátria Ninguém chora pela pátria Retém-se o grito que lavra pelo corpo sulcos sangrentos e o faz […]...
Filtro O poema filtra cada imagem já destilada pela distância, deixa-a mais límpida embora inadequada às coisas que tenta captar no […]...
O Tempo Seca o Amor O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as […]...
O Somno de João O João dorme… (Ó Maria, Dize áquella cotovia Que falle mais devagar: Não vá o João, acordar…) Tem só um […]...
Para o Sexo a Expirar Para o sexo a expirar eu me volto, expirante, raiz de minha vida, em ti me enredo e afundo. Amor, […]...
Nirvana Viver assim: sem ciúmes, sem saudades, Sem amor, sem anseios, sem carinhos, Livre de angústias e felicidades, Deixando pelo chão […]...
Antes que Seja Tarde Amigo, tu que choras uma angústia qualquer e falas de coisas mansas como o luar e paradas como as águas […]...
O Meu Amor O meu amor, que livre anda de engano, ambiente natural encontra nestes campos, onde a relva, levemente movida pela brisa, […]...
Cantiga de Banheiro A moça vai tomar banho, banho domiciliar. A moça não se dispersa na piscina nem no mar. A moça entra […]...
A Voz que Nos Rasgou por Dentro De onde vem – a voz que nos rasgou por dentro, que trouxe consigo a chuva negra do outono, que […]...
As Horas pela Alameda As horas pela alameda Arrastam vestes de seda, Vestes de seda sonhada Pela alameda alongada Sob o azular do luar… […]...
Eu Te Imagino Acordando Eu te imagino acordando para a primeira comunhão do amor. Teu vestido de rezas (não são rosas) costuradas por quem […]...
Iniciação ao Diálogo I De início bastará que olhes mais vezes na mesma direcção hoje evitada (estandartes nos olhos são mais leves do […]...
O Morto Prazenteiro Onde haja caracóis, n’um fecundo torrão, Uma grandiosa cova eu mesmo quero abrir, Onde repouse em paz, onde possa dormir, […]...
Pelo Tejo Vai-se para o Mundo O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo […]...