Poema Elegia do Ciúme
A tua morte, que me importa,
se o meu desejo não morreu?
Sonho contigo, virgem morta,
e assim consigo (mas que importa?)
possuir em sonho quem morreu.
Sonho contigo em sobressalto,
não vás fugir-me, como outrora.
E em cada encontro a que não falto
inda me turbo e sobressalto
à tua mínima demora.
Onde estiveste? Onde? Com quem?
– Acordo, lívido, em furor.
Súbito, sei: com mais ninguém,
ó meu amor!, com mais ninguém
repartirás o teu amor.
E se adormeço novamente
vou, tão feliz!, sem azedume
– agradecer-te, suavemente,
a tua morte que consente
tranquilidade ao meu ciúme.
(2 votes, average: 2,50 out of 5)
Mais poemas:
- A Negra Fúria Ciúme Morre a luz, abafa os ares Horrendo, espesso negrume, Apenas surge do Averno A negra fúria Ciúme. Sobre um sólio […]...
- Ciúme Vão decorrendo as horas, vão-se os dias, Mas como outrora ela não vem. Ciúme? Olho em redor de mim, meu […]...
- Canção Amarga Que importa o gesto não ser bem o gesto grácil que terias? – Importa amar, sem ver a quem… Ser […]...
- Pequena Elegia de Setembro Não sei como vieste, mas deve haver um caminho para regressar da morte. Estás sentada no jardim, as mãos no […]...
- Quem? Não sei quem és. Já não te vejo bem… E ouço-me dizer (ai, tanta vez!…) Sonho que um outro sonho […]...
- Canção A pastorinha morreu, todos estão a chorar. Ninguem a conhecia e todos estão a chorar. A pastorinha morreu, morreu de […]...
- Desânimo Que mimos me confortam? Que doce luz me acena? Eu tenho muita pena De ter nascido até! Quizera antes ao […]...
- Evolução Arde o corpo do sol, brotam feixes de luz: O que é a luz? Sol que morreu. Dardeja a luz, […]...
- Elegia Marítima Nasceu da terra. Seu corpo, feito do limo das grutas, surgiu cavalgando um rio por uma estrada de luas. Através […]...
- Elegia dos Amantes Lúcidos Na girândola das árvores (e não há quem as detenha) Deixa de fora a tarde o vermelho que a tinge. […]...
- Elegia de Natal Era também de noite Era também Dezembro Vieram-me dizer que o meu irmão nascera Já não sei afinal se o […]...
- Cruz na Porta Cruz na porta da tabacaria! Quem morreu? O próprio Alves? Dou Ao diabo o bem-estar que trazia. Desde ontem a […]...
- Glosa Quem me roubou a minha dor antiga, E só a vida me deixou por dor? Quem, entre o incêndio da […]...
- Rosto Afogado Para sempre um luar de naufrágio anunciará a aurora fria. Para sempre o teu rosto afogado, entre retratos e vendedores […]...
- Elegia Vae em seis mezes que deixei a minha terra E tu ficaste lá, mettida n’uma serra, Boa velhinha! que eras […]...
- Com a Fortuna não Perde o Ser de Besta Na carreira veloz, a deusa cega Lança às vezes a mão a um feio mono E o sobe, num instante, […]...
- Fragmentos de uma Elegia (6) Sei que me ouves na tempestade e nas gotas que ficam nas folhas, a brilhar. Sei nas ondas ouvir […]...
- Cura de Ser quem És Ninguém a outro ama, senão que ama O que de si há nele, ou é suposto. Nada te pese que […]...
- Obsessão Dentro de mim canta, intenso, Um cantar que não é meu: Cantar que ficou suspenso, Cantar que já se perdeu. […]...
- Onde Nasceu a Ciência e o Juízo? MOTE – Onde nasceu a ciência?… – Onde nasceu o juízo?… Calculo que ninguém tem Tudo quanto lhe é preciso! […]...
- Quem Ama É Diferente de quem É Todos dias agora acordo com alegria e pena. Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava. Tenho alegria e pena porque perco […]...
- Elegia do Amor Lembras-te, meu amor, Das tardes outonais, Em que íamos os dois, Sozinhos, passear, Para fora do povo Alegre e dos […]...
- Sonambulismo Tombam os dias inúteis: amanhece, é tarde, anoitece. Mas a nós que nos importa ser manhã, meio dia ou noite?!… […]...
- Elegia da Lembrança Impossível O que não daria eu pela memória De uma rua de terra com baixos taipais E de um alto ginete […]...
- Balada de Lisboa Em cada esquina te vais Em cada esquina te vejo Esta é a cidade que tem Teu nome escrito no […]...
- Pastelaria Afinal o que importa não é a literatura nem a crítica de arte nem a câmara escura Afinal o que […]...
- Sol do Meu Dia Se eu fosse nuvem tinha imensa mágoa Não te servindo de asas maternais Que te pudessem abrigar da água Que […]...
- Elegia A alegria da vida, essa alegria d’oiro A pouco e pouco em mim vai-se extinguindo, vai… Melros alegres de bico […]...
- Cerca de Grandes Muros Quem te Sonhas Cerca de grandes muros quem te sonhas. Depois, onde é visível o jardim Através do portão de grade dada, Põe […]...
- Rimance Onde é que dói na minha vida, para que eu me sinta tão mal? quem foi que me deixou ferida […]...