Poesia Portuguesa

Poemas em Português



Poema De quem o mesmo Amor não se Apartava

Já a roxa e clara Aurora destoucava
Os seus cabelos de ouro delicados,
E das flores os campos esmaltados
Com cristalino orvalho borrifava;

Quando o formoso gado se espalhava
De Sílvio e de Laurente pelos prados;
Pastores ambos, e ambos apartados
De quem o mesmo Amor não se apartava.

Com verdadeiras lágrimas, Laurente,
– Não sei – dizia – ó Ninfa delicada,
Porque não morre já quem vive ausente,

Pois a vida sem ti não presta nada.
Responde Sílvio: – Amor não o consente,
Que ofende as esperanças da tornada.


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Poema De quem o mesmo Amor não se Apartava - Luís Vaz Camões