Autor Luís Vaz Camões

Doces lembranças da passada glória, Que me tirou fortuna roubadora, Deixai-me descansar em paz uma hora, Que comigo ganhais pouca […]

Bem sei, Amor, que é certo o que receio; Mas tu, porque com isso mais te apuras, De manhoso, mo […]

Quem pode livre ser, gentil Senhora, Vendo-vos com juízo sossegado, Se o Menino, que de olhos é privado, Nas Meninas […]

Oh como se me alonga de ano em ano A peregrinação cansada minha! Como se encurta, e como ao fim […]

De tão divino acento em voz humana, De elegâncias que são tão peregrinas, Sei bem que minhas obras não são […]

Como quando do mar tempestuoso O marinheiro todo trabalhado, De um naufrágio cruel saindo a nado, Só de ouvir falar […]

Ferido sem ter cura perecia O forte e duro Télefo temido Por aquele que na água foi metido, E a […]

Pelos raros extremos que mostrou Em sábia Palas, Vénus em formosa, Diana em casta, Juno em animosa, África, Europa e […]

Suspiros inflamados que cantais A tristeza com que eu vivi tão cedo; Eu morro e não vos levo, porque hei […]

Náiades, vós que os rios habitais Que os saudosos campos vão regando, De meus olhos vereis estar manando Outros que […]

Formosura do Céu a nós descida, Que nenhum coração deixas isento, Satisfazendo a todo pensamento, Sem que sejas de algum […]

Grão tempo há já que soube da Ventura A vida que me tinha destinada, Que a longa experiência da passada […]

Na metade do Céu subido ardia O claro, almo Pastor, quando deixavam O verde pasto as cabras, e buscavam A […]

Apolo e as nove Musas, descantando Com a dourada lira, me influíam Na suave harmonia que faziam, Quando tomei a […]

Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; Sem causa, juntamente choro e […]

Ditoso seja aquele que somente Se queixa de amorosas esquivanças; Pois por elas não perde as esperanças De poder nalgum […]

Porque quereis, Senhora, que ofereça A vida a tanto mal como padeço? Se vos nasce do pouco que eu mereço, […]

De vós me parto, ó vida, e em tal mudança Sinto vivo da morte o sentimento. Não sei para que […]

Amor, que o gesto humano na alma escreve, Vivas faíscas me mostrou um dia, Donde um puro cristal se derretia […]

Cá nesta Babilónia, donde mana Matéria a quanto mal o mundo cria; Cá, onde o puro Amor não tem valia, […]