Poema Litania do Natal
A noite fora longa, escura, fria.
Ai noites de Natal que dáveis luz,
Que sombra dessa luz nos alumia?
Vim a mim dum mau sono, e disse: “Meu Jesus…”
Sem bem saber, sequer, porque o dizia.
E o Anjo do Senhor: “Ave, Maria!”
Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: “Meu Jesus…”
Que então me recordei do santo dia.
E o Anjo do Senhor: “Ave, Maria!”
Ai dias de Natal a transbordar de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: “Meu Jesus…”
E a tarde descaiu, lenta e sombria.
E o Anjo do Senhor: “Ave, Maria!”
De novo a noite, longa, escura, fria,
Sobre a terra caiu, como um capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse: “Meu Jesus…”
E assim, mais uma vez, Jesus nascia.