Poema Improviso
Nem só de chuva
se tece a nuvem
nem só de evento
se inventa o vento.
Nem só de fala
se engendra o grito
nem só de fome
prospera o trigo.
Nem só de raiva
arde a metáfora
nem só de enigmas
se enfeita o nada.
Nem só de parca
o céu nos singra
nem só de pão
se morre à míngua
Nem só de pégaso
escapa o seio
para essa concha
partida ao meio.





Mais poemas:
- Que Bem Sabe o Amor Constante Até no carro te canto, Fala a fala, seio a seio, Espantado de um encanto Que mais parece receio De […]...
- Temo, Lídia, o Destino. Nada é Certo Temo, Lídia, o destino. Nada é certo. Em qualquer hora pode suceder-nos O que nos tudo mude. Fora do conhecido […]...
- Tão Cedo Passa Tudo quanto Passa Tão cedo passa tudo quanto passa! Morre tão jovem ante os deuses quanto Morre! Tudo é tão pouco! Nada se […]...
- Horário do Fim morre-se nada quando chega a vez é só um solavanco na estrada por onde já não vamos morre-se tudo quando […]...
- Melancolia Oh dôce luz! oh lua! Que luz suave a tua, E como se insinua Em alma que fluctua De engano […]...
- Retomo ao Ponto de Partida Retomo, pois, ao ponto de partida como um presente, o ponto de chegada. Entre um começo e outro não há […]...
- A Vida que Vivemos A vida que vivemos encerrou-se na concha de coral duma lembrança. Por muros altaneiros confmou-se, volteia dentro deles em suave […]...
- Dorme Sobre o Meu Seio Dorme sobre o meu seio, Sonhando de sonhar… No teu olhar eu leio Um lúbrico vagar. Dorme no sonho de […]...
- Havendo Escapado de uma Grande Doença Foi tão cruel, tão duramente forte A que passei tormenta repetida, Que não fazendo já conta da vida, Só chegava […]...
- Interrogação Onde é que está essa mulher fadada, Que o meu sonho criou num desvario, Acaso existe, acaso foi criada, Ou […]...
- Filtro Meu Amor, não é nada: – Sons marinhos Numa concha vazia, choro errante… Ah, olhos que não choram! Pobrezinhos… Não […]...
- O Medo Ninguém me roubará algumas coisas, nem acerca de elas saberei transigir; um pequeno morto morre eternamente em qualquer sítio de […]...
- Amo-te Muito, Muito! Amo-te muito, muito! Reluz-me o paraíso Num teu olhar fortuito, Num teu fugaz sorriso! Quando em silêncio finges Que um […]...
- O Ferrador de Cavalos Em que língua falarei ao ferrador de cavalos? Por que, na minha língua de assombro e vogal, só falo a […]...
- Perfume da Rosa Quem bebe, rosa, o perfume Que de teu seio respira? Um anjo, um silfo? ou que nume Com esse aroma […]...
- Epitáfio Caminhante que vais tão de corrida. Pois em nada reparas na jornada. Repara por tua vida no meu nada. Que […]...
- O Album Minha Júlia, um conselho de amigo; Deixa em branco este livro gentil: Uma só das memórias da vida Vale a […]...
- Sobre a Palavra Entre a folha branca e o gume do olhar a boca envelhece Sobre a palavra a noite aproxima-se da chama […]...
- Mapa Ao norte, a torre clara, a praça, o eterno encontro, A confidência muda com teu rosto por jamais. A leste, […]...
- Viola Ai, não morras de amor, de amor não morre o amor que mata amor morosamente. Não creias no que te […]...
- A Forma Justa Sei que seria possível construir o mundo justo As cidades poderiam ser claras e lavadas Pelo canto dos espaços e […]...
- Não Digas Nada! Não digas nada! Nem mesmo a verdade Há tanta suavidade em nada se dizer E tudo se entender – Tudo […]...
- Não Estou Pensando em Nada Não estou pensando em nada E essa coisa central, que é coisa nenhuma, É-me agradável como o ar da noite, […]...
- A Queda E eu que sou o rei de toda esta incoerência, Eu próprio turbilhão, anseio por fixá-la E giro até partir… […]...
- A uma Dama com quem Andava de Amores Jogando com Paulinha o toque-emboque, Porque me punha em ré, usou de treta; Um cabe me armou, coube a palheta, […]...
- Amor e Eternidade Repara, doce amiga, olha esta lousa, E junto aquella que lhe fica unida: Aqui d’um terno amor, aqui repousa O […]...
- Conhecimento do Amor Amor, como o compreendo agora, é mais renúncia que desejo. Outrora hostil, agressivo, hoje súplica, murmúrio íntimo, cinzas em silêncio, […]...
- Nuvens No dia triste o meu coração mais triste que o dia… Obrigações morais e civis? Complexidade de deveres, de consequências? […]...
- O Mundo Velho Nas crises d’este tempo desgraçado, Quando nos pomos tristes a espalhar Os olhos pela historia do passado… Quem não verá, […]...
- Vocação de Poeta Recentemente, ao repousar Sob essa folhagem Ouvi bater, tiquetaque, Suavemente, como em compasso. Aborrecido, fiz uma careta, Depois, abandonando-me, Acabei, […]...
- À Cruz Se em golfo de sereias proceloso, Empenho repetido do cuidado, O sábio grego, ao duro mastro atado, As sereias escapa […]...
- O Frio Especial O frio especial das manhãs de viagem, A angústia da partida, carnal no arrepanhar Que vai do coração à pele, […]...
- Homem para Deus Ele vai só ele não tem ninguém onde morrer um pouco toda a morte que o espera Se é ele […]...
- Falta Pouco Falta pouco para acabar o uso desta mesa pela manhã o hábito de chegar à janela da esquerda aberta sobre […]...
- Como se Morre de Velhice Como se morre de velhice ou de acidente ou de doença, morro, Senhor, de indiferença. Da indiferença deste mundo onde […]...
- A Minha Ausência de Ti Foi tal e qual o inverno a minha ausência de ti, prazer dum ano fugitivo: dias nocturnos, gelos, inclemência; que […]...
- A Vida Grata Feliz aquele a quem a vida grata Concedeu que dos deuses se lembrasse E visse como eles Estas terrenas coisas […]...
- Todas as Horas Todas as horas, todos os minutos, São para mim a véspera da partida. Preparo-me para a morte, como quem Se […]...
- Pecado Original Sim, Mãe! sim, quanta vez te vi chorar…, Sem desistir de te fazer sofrer! Gozava então nem sei que atroz […]...
- Arte Poética Escrever um poema é como apanhar um peixe com as mãos nunca pesquei assim um peixe mas posso falar assim […]...