Poema Sem Remédio

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou…
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos da Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!

(2 votes, average: 4,00 out of 5)

Mais poemas:

Parafuso Sabem-me o rosto, sabem-me os pés, sabem-me a roupa. Viram-me nu, viram-me inteiro no corpo imóvel. Mas só me sabem, […]...

Agora que Sinto Amor Agora que sinto amor Tenho interesse no que cheira. Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro. Agora sinto […]...

Remédio para o Pessimismo Queixas-te porque não encontras nada a teu gosto? São então sempre os teus velhos caprichos Ouço-te praguejar, gritar e escarrar… […]...

Os Meus Livros Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos […]...

Que Amor Fez sem Remédio, o Tempo, os Fados? Depois de tantos dias mal gastados, Depois de tantas noites mal dormidas, Depois de tantas lágrimas vertidas, Tantos suspiros vãos […]...

Neurastenia Sinto hoje a alma cheia de tristeza! Um sino dobra em mim Ave-Maria! Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias, […]...

Ontologia do Amor Tua carne é a graça tenra dos pomares e abre-se teu ventre de uma a outra lua; de teus próprios […]...

Entre Sombras Vem ás vezes sentar-se ao pé de mim – A noite desce, desfolhando as rosas – Vem ter commigo, ás […]...

Abre-me as Portas, Mãe Abre-me as portas, mãe, enquanto as estrelas buscam em mim agora a treva infinda, sem luz alguma no meu olhar […]...

Toma-me Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca Austera. Toma-me AGORA, ANTES Antes que a carnadura se desfaça […]...

Quando Voltei Encontrei os Meus Passos Quando voltei encontrei os meus passos Ainda frescos sobre a úmida areia. A fugitiva hora, reevoquei-a, _ Tão rediviva! nos […]...

Se a Vida Fosse Sempre Vida Felizes, cujos corpos sob as árvores Jazem na úmida terra, Que nunca mais sofrem o sol, ou sabem Das doenças […]...

Exactidão Levam as frases sentido que uma cadência lhes dá: sentido do não-vivido a que fica reduzido o que, escolhido, não […]...

O Morto Prazenteiro Onde haja caracóis, n’um fecundo torrão, Uma grandiosa cova eu mesmo quero abrir, Onde repouse em paz, onde possa dormir, […]...

A Sua Verdadeira Realidade Entre o que vejo de um campo e o que vejo de outro campo Passa um momento uma figura de […]...

Amo o que Vejo Amo o que vejo porque deixarei Qualquer dia de o ver. Amo-o também porque é. No plácido intervalo em que […]...

Ao Vento O vento passa a rir, torna a passar, Em gargalhadas ásperas de demente; E esta minh’alma trágica e doente Não […]...

A um Crucifixo Há mil anos, bom Cristo, ergueste os magros braços E clamaste da cruz: há Deus! e olhaste, ó crente, O […]...

Mais Valera Baldadas, as tuas orações fervorosas, vãs, as tuas vigílias sem cansaço, inúteis, as tuas rugas que foram lágrimas, Mãe! E […]...

A Maior Tortura Na vida, para mim, não há deleite. Ando a chorar convulsa noite e dia… E não tenho uma sombra fugidia […]...

Pedra Filosofal Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer, como […]...

Hino à Morte Tenho às vezes sentido o chocar dos teus ossos E o vento da tua asa os meus lábios roçar; Mas […]...

Amo os Teus Defeitos Amo os teus defeitos, e tantos eram, as tuas faltas para comigo e as minhas; essa ênfase de rechaçar por […]...

Melancolia Oh dôce luz! oh lua! Que luz suave a tua, E como se insinua Em alma que fluctua De engano […]...

Delicadeza Essa delicadeza, cada vez mais difícil, pela qual se perde a vida, como a entendo, pratico. Essa subtileza de pesadelo […]...

Que este Amor não me Cegue Que este amor não me cegue nem me siga. E de mim mesma nunca se aperceba. Que me exclua do […]...

Interrogação Onde é que está essa mulher fadada, Que o meu sonho criou num desvario, Acaso existe, acaso foi criada, Ou […]...

Sabedoria I, III Que dizes, viajante, de estações, países? Colheste ao menos tédio, já que está maduro, Tu, que vejo a fumar charutos […]...

Ódio? Ódio por Ele? Não… Se o amei tanto, Se tanto bem lhe quis no meu passado, Se o encontrei depois […]...

Tenho Mais Almas que Uma Vivem em nós inúmeros; Se penso ou sinto, ignoro Quem é que pensa ou sente. Sou somente o lugar Onde […]...