Pobre Velha Música!
Pobre velha música! Não sei por que agrado, Enche-se de lágrimas Meu olhar parado. Recordo outro ouvir-te, Não sei se […]
Poemas em Português
Pobre velha música! Não sei por que agrado, Enche-se de lágrimas Meu olhar parado. Recordo outro ouvir-te, Não sei se […]
I / ABISMO OLHO O TEJO, e de tal arte Que me esquece olhar olhando, E súbito isto me bate […]
Teus olhos entristecem Nem ouves o que digo. Dormem, sonham esquecem… Não me ouves, e prossigo. Digo o que já, […]
Ao longe, ao luar, No rio uma vela, Serena a passar, Que é que me revela? Não sei, mas meu […]
Brilha uma voz na noute De dentro de Fora ouvi-a… Ó Universo, eu sou-te… Oh, o horror da alegria Deste […]
Sonho. Não sei quem sou neste momento. Durmo sentindo-me. Na hora calma Meu pensamento esquece o pensamento, Minha alma não […]
Da minha idéia do mundo Caí… Vácuo além do profundo, Sem ter Eu nem Ali… Vácuo sem si-próprio, caos De […]
A minha vida é um barco abandonado Infiel, no ermo porto, ao seu destino. Por que não ergue ferro e […]
De onde é quase o horizonte Sobe uma névoa ligeira E afaga o pequeno monte Que pára na dianteira. E […]
Sorriso audível das folhas Não és mais que a brisa ali Se eu te olho e tu me olhas, Quem […]
Como te amo? Não sei de quantos modos vários Eu te adoro, mulher de olhos azuis e castos; Amo-te com […]
Entre o bater rasgado dos pendões E o cessar dos clarins na tarde alheia, A derrota ficou: como uma cheia […]
Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Tudo […]
Assim, sem nada feito e o por fazer Mal pensado, ou sonhado sem pensar, Vejo os meus dias nulos decorrer, […]
Emissário de um rei desconhecido, Eu cumpro informes instruções de além, E as bruscas frases que aos meus lábios vêm […]
As tuas mãos terminam em segredo. Os teus olhos são negros e macios Cristo na cruz os teus seios (?) […]
Em horas inda louras, lindas Clorindas e Belindas, brandas, Brincam no tempo das berlindas, As vindas vendo das varandas, De […]
Em meus momentos escuros Em que em mim não há ninguém, E tudo é névoas e muros Quanto a vida […]
Dá a surpresa de ser. É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio […]
Dorme sobre o meu seio, Sonhando de sonhar… No teu olhar eu leio Um lúbrico vagar. Dorme no sonho de […]
Dorme enquanto eu velo… Deixa-me sonhar… Nada em mim é risonho. Quero-te para sonho, Não para te amar. A tua […]
Foi um momento O em que pousaste Sobre o meu braço, Num movimento Mais de cansaço Que pensamento, A tua […]
Cessa o teu canto! Cessa, que, enquanto O ouvi, ouvia Uma outra voz Com que vindo Nos interstícios Do brando […]
Bate a luz no cimo Da montanha, vê… Sem querer eu cismo Mas não sei em quê…. Não sei que […]
A morte chega cedo, Pois breve é toda vida O instante é o arremedo De uma coisa perdida. O amor […]
Natal… Na província neva. Nos lares aconchegados, Um sentimento conserva Os sentimentos passados. Coração oposto ao mundo, Como a família […]
É brando o dia, brando o vento É brando o sol e brando o céu. Assim fosse meu pensamento! Assim […]
Põe-me as mãos nos ombros… Beija-me na fronte… Minha vida é escombros, A minha alma insonte. Eu não sei por […]
Cansa sentir quando se pensa. No ar da noite a madrugar Há uma solidão imensa Que tem por corpo o […]
Ela ia, tranquila pastorinha, Pela estrada da minha imperfeição. Segui-a, como um gesto de perdão, O seu rebanho, a saudade […]
Aqui onde se espera – Sossego, só sossego – Isso que outrora era, Aqui onde, dormindo, -Sossego, só sossego – […]
Andei léguas de sombra Dentro em meu pensamento. Floresceu às avessas Meu ócio com sem-nexo, E apagaram-se as lâmpadas Na […]
Fosse eu apenas, não sei onde ou como, Uma coisa existente sem viver, Noite de Vida sem amanhecer Entre as […]
Durmo. Se sonho, ao despertar não sei Que coisas eu sonhei. Durmo. Se durmo sem sonhar, desperto Para um espaço […]
Em plena vida e violência De desejo e ambição, De repente uma sonolência Cai sobre a minha ausência. Desce ao […]
O maestro sacode a batuta, A lânguida e triste a música rompe… Lembra-me a minha infância, aquele dia Em que […]
Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito E a cor das flores é transparente de as velas de […]
Flor que não dura Mais do que a sombra dum momento Tua frescura Persiste no meu pensamento. Não te perdi […]
Esta espécie de loucura Que é pouco chamar talento E que brilha em mim, na escura Confusão do pensamento, Não […]
Chove. É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor: Há a neve que faz mal, E o frio […]
Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços E chama-me teu filho. Eu sou um rei que voluntariamente abandonei O meu […]
Sangra, sinistro, a alguns o astro baço. Seus três anéis irreversíveis são A desgraça, a tristeza, a solidão. Oito luas […]
Nasce um Deus. Outros morrem. A verdade Nem veio nem se foi: o Erro mudou. Temos agora uma outra Eternidade, […]
No plano abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado – Duas, de lado a lado -, Jaz morto […]
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. […]
MAR PORTUGUÊS Possessio Maris I. O Infante Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra […]
Fúria nas trevas o vento Num grande som de alongar, Não há no meu pensamento Senão não poder parar. Parece […]
Não: não digas nada! Supor o que dirá A tua boca velada É ouvi-lo já É ouvi-lo melhor Do que […]
Entre o sono e sonho, Entre mim e o que em mim É o quem eu me suponho Corre um […]
Dizem? Esquecem. Não dizem? Disseram. Fazem? Fatal. Não fazem? Igual. Por quê Esperar? Tudo é Sonhar.
As minhas ansiedades caem Por uma escada abaixo. Os meus desejos balouçam-se Em meio de um jardim vertical. Na Múmia […]
Ela canta, pobre ceifeira, Julgando-se feliz talvez; Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia De alegre e anônima viuvez, […]
Conta a lenda que dormia Uma Princesa encantada A quem só despertaria Um Infante, que viria De além do muro […]
Não digas nada! Nem mesmo a verdade Há tanta suavidade em nada se dizer E tudo se entender – Tudo […]
Começa a ir ser dia, O céu negro começa, Numa menor negrura Da sua noite escura, A Ter uma cor […]
Dorme, que a vida é nada! Dorme, que tudo é vão! Se alguém achou a estrada, Achou-a em confusão, Com […]
De quem é o olhar Que espreita por meus olhos? Quando penso que vejo, Quem continua vendo Enquanto estou pensando? […]
Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não fazer! Ler é maçada, Estudar é […]
Contemplo o que não vejo. É tarde, é quase escuro. E quanto em mim desejo Está parado ante o muro. […]
Soam vãos, dolorido epicurista, Os versos teus, que a minha dor despreza; Já tive a alma sem descrença presa Desse […]
Quem te disse ao ouvido esse segredo Que raras deusas têm escutado – Aquele amor cheio de crença e medo […]
Feliz dia para quem é O igual do dia, E no exterior azul que vê Simples confia! Azul do céu […]
Às vezes entre a tormenta, quando já umedeceu, raia uma nesga no céu, com que a alma se alimenta. E […]
Como inútil taça cheia Que ninguém ergue da mesa, Transborda de dor alheia Meu coração sem tristeza. Sonhos de mágoa […]
Tenho tanto sentimento Que é frequente persuadir-me De que sou sentimental, Mas reconheço, ao medir-me, Que tudo isso é pensamento, […]
A lâmpada acesa (Outrem a acendeu) Baixa uma beleza Sobre o chão que é meu. No quarto deserto Salvo o […]
PASSOS DA CRUZ Esqueço-me das horas transviadas o Outono mora mágoas nos outeiros E põe um roxo vago nos ribeiros… […]
Como a noite é longa! Toda a noite é assim… Senta-te, ama, perto Do leito onde esperto. Vem p’r’ao pé […]
O que me dói não é O que há no coração Mas essas coisas lindas Que nunca existirão… São as […]
Peguei no meu coração E pu-lo na minha mão Olhei-o como quem olha Grãos de areia ou uma folha. Olhei-o […]
Grandes mistérios habitam O limiar do meu ser, O limiar onde hesitam Grandes pássaros que fitam Meu transpor tardo de […]
Guia-me a só a razão. Não me deram mais guia. Alumia-me em vão? Só ela me alumia. Tivesse quem criou […]
Cerca de grandes muros quem te sonhas. Depois, onde é visível o jardim Através do portão de grade dada, Põe […]
Contemplo o lago mudo Que uma brisa estremece. Não sei se penso em tudo Ou se tudo me esquece. O […]
A criança loura Jaz no meio da rua. Tem as tripas de fora E por uma corda sua Um comboio […]
Entre o luar e a folhagem, Entre o sossego e o arvoredo, Entre o ser noite e haver aragem Passa […]
O tempo que eu hei sonhado Quantos anos foi de vida! Ah, quanto do meu passado Foi só a vida […]
Quem me roubou a minha dor antiga, E só a vida me deixou por dor? Quem, entre o incêndio da […]
Do vale à montanha, Da montanha ao monte, cavalo de sombra, Cavaleiro monge, Por casas, por prados, Por Quinta e […]
Elas são vaporosas, Pálidas sombras, as rosas Nadas da hora lunar… Vêm, aéreas, dançar Com perfumes soltos Entre os canteiros […]
Olho o Tejo, e de tal arte Que me esquece olhar olhando, E súbito isto me bate De encontro ao […]
BRASÃO Bellum Sine Bello I. Os Campos Primeiro / O dos Castelos A Europa jaz, posta nos cotovelos: De Oriente […]
As horas pela alameda Arrastam vestes de seda, Vestes de seda sonhada Pela alameda alongada Sob o azular do luar… […]
Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia, E cada vela que se acende é mais chuva a bater […]
Como uma voz de fonte que cessasse (E uns para os outros nossos vãos olhares Se admiraram), p’ra além dos […]
MARINHA Ditosos a quem acena Um lenço de despedida! São felizes: têm pena… Eu sofro sem pena a vida. Dôo-me […]
O ENCOBERTO Pax In Excelsis I. Os Símbolos Primeiro / D. Sebastião ‘Sperai! Caí no areal e na hora adversa […]
Chove? Nenhuma chuva cai… Então onde é que eu sinto um dia Em que ruído da chuva atrai A minha […]
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva Não faz ruído senão com sossego. Chove. O céu dorme. Quando a alma […]
Vaga, no azul amplo solta, Vai uma nuvem errando. O meu passado não volta. Não é o que estou chorando. […]