Poema Uma Gravura Fantástica
Um vulto singular, um fantasma faceto,
Ostenta na cabeça horrivel de esqueleto
Um diadema de lata, – único enfeite a orná-lo
Sem espora ou ping’lim, monta um pobre cavalo,
Um espectro tambem, rocinante esquelético,
Em baba a desfazer-se como um epitético,
Atravessando o espaço, os dis lá vão levados,
O Infinito a sulcar, como dragões alados.
O Cavaleiro brande um gládio chamejante
Por sobre as multidões que pisa rocinante.
E como um gran-senhor, que seus reinos visite,
Percorre o cemitério enorme, sem limite,
Onde jazem, no alvor d’uma luz branca e terna,
Os povos da História antiga e da moderna.
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