Poesia Portuguesa

Poemas em Português

A Beleza

De um sonho escultural tenho a beleza rara, E o meu seio, – jardim onde cultivo a dor, Faz despertar […]

Uma Gravura Fantástica

Um vulto singular, um fantasma faceto, Ostenta na cabeça horrivel de esqueleto Um diadema de lata, – único enfeite a […]

Spleen

Quando o cinzento céu, como pesada tampa, Carrega sobre nós, e nossa alma atormenta, E a sua fria cor sobre […]

Correspondências

A natureza é um templo augusto, singular, Que a gente ouve exprimir em língua misteriosa; Um bosque simbolista onde a […]

Elevação

Por cima dos paúes, das montanhas agrestes, Dos rudes alcantis, das nuvens e do mar, Muito acima do sol, muito […]

Ciganos em Viagem

A tribo que prevê a sina dos viventes Levantou arraiais hoje de madrugada; Nos carros, as mulher’, c’o a torva […]

O Albatroz

Às vezes no alto mar, distrai-se a marinhagem Na caça do albatroz, ave enorme e voraz, Que segue pelo azul […]

A Musa Enferma

Ó minha musa, então! que tens tu, meu amor? Que descorada estás! No teu olhar sombrio Passam fulgurações de loucura […]

O Inimigo

A mocidade foi-me um temporal bem triste, Onde raro brilhou a luz d’um claro dia; Tanta chuva caiu, que quase […]

Intangível

Quero-te como quero à abóbada nocturna, Ó vazo de tristeza, ó grande taciturna! E tanto mais te quero, ó minha […]

Génio do Mal

Gostavas de tragar o universo inteiro, Mulher impura e cruel! Teu peito carniceiro, Para se exercitar no jogo singular, Por […]

O Morto Prazenteiro

Onde haja caracóis, n’um fecundo torrão, Uma grandiosa cova eu mesmo quero abrir, Onde repouse em paz, onde possa dormir, […]

Perfume Exótico

Quando eu a dormitar, num íntimo abandono, Respiro o doce olor do teu colo abrasante, Vejo desenrolar paisagem deslumbrante Na […]

O Monge Maldito

Os devotos painéis dos antigos conventos, Reproduzindo a santa imagem da Verdade, Davam certo conforto aos sóbrios monumentos, Tornavam menos […]

Sepultura d’um Poeta Maldito

Se, em noite horrorosa, escura, Um cristão, por piedade, te conceder sepultura Nas ruínas d’alguma herdade, As aranhas hão-de armar […]

Esterilidade

Ao vê-la caminhar em trajos vaporosos, Parece que desliza em voluptuosa dança, Como aqueles répteis da Índia, majestosos, Que um […]

O Tonel do Rancor

O Rancor é o tonel das Danaidas alvíssimas; A Vingança, febril, grandes olhos absortos, procura em vão encher-lhes as trevas […]

O Homem e o Mar

Homem livre, o oceano é um espelho fulgente Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado, Como em puro […]

Obsessão

Os bosques para mim são como catedrais, Com orgãos a ulular, incutindo pavor… E os nossos corações, – jazidas sepulcrais, […]

A Música

A música p’ra mim tem seduções de oceano! Quantas vezes procuro navegar, Sobre um dorso brumoso, a vela a todo […]