Poema Da Violência
A violência que trazemos no sangue
ninguém a sabe e todos (casas
desmoronadas) a exaltam e todos
a descombinamos
gota a gota
em nossos movimentos de cinza
transitória – esta violência
residual
tem do corpo a secura a configuração
cavada no sono na fogueira sem cor
de cidades levantadas sobre a doença sobre
a simulação
de fogo suspenso
no arame dos ossos –





Mais poemas:
- A Força Exacta é Violência a Força Exacta é violência. a Força em espirro, ao acaso, não é violência, é existência. O mal é Fixar […]...
- Em Plena Vida e Violência Em plena vida e violência De desejo e ambição, De repente uma sonolência Cai sobre a minha ausência. Desce ao […]...
- O Sono O sono que desce sobre mim, O sono mental que desce fisicamente sobre mim, O sono universal que desce individualmente […]...
- Não me Fales de Glória: é Outro o Altar Não me fales de glória: é outro o altar Onde queimo piedoso o meu incenso, E animado de fogo mais […]...
- Pai, Dizem-me que Ainda Te Chamo Pai, dizem-me que ainda te chamo, às vezes, durante o sono – a ausência não te apaga como a bruma […]...
- Amor é um Arder Amor é um arder que se não sente; É ferida que dói, e não tem cura; É febre, que no […]...
- Troco-me por Ti Troco-me por ti Na brasa da fogueira mal ardida renovo o fogo que perdi, acendo, ascendo, ao lume, ao leme, […]...
- Ofício de Amar já não necessito de ti tenho a companhia nocturna dos animais e a peste tenho o grão doente das cidades […]...
- Uma Doença Cúmplice uma doença cúmplice, marcas púrpura dão ao teu rosto a expressão do exílio a que te submetes, gemeste toda a […]...
- O Amor, um Dever de Passagem Fui envenenado pela dor obscura do Futuro. Eu sabia já que algo se preparava contra o meu corpo. Agora torço-me […]...
- A Leitora A leitora abre o espaço num sopro subtil. Lê na violência e no espanto da brancura. Principia apaixonada, de surpresa […]...
- Corre, Já entre Serras Escarpadas Corre, já entre serras escarpadas, Já sobre largos campos, murmurando. o Tieté, e, as águas engrossando, soberbo alaga as margens […]...
- Soneto Amoroso Defendendo o Amor SONETO AMOROSO DEFENDENDO O AMOR É gelo abrasador, fogo gelado, é ferida que dói e não se sente, é um […]...
- Talvez tenha faltado ao meu próprio encontro Talvez tenha faltado ao meu próprio encontro, e na dor que persiste sinto naturalmente os últimos suspiros do crepúsculo nos […]...
- Movimento Se tu és a égua de âmbar eu sou o caminho de sangue Se tu és o primeiro nevão eu […]...
- Como se Morre de Velhice Como se morre de velhice ou de acidente ou de doença, morro, Senhor, de indiferença. Da indiferença deste mundo onde […]...
- A Quem Darei Todos os Dias da Minha Vida? A quem darei todos os dias da minha vida? A voz que levo em mim impressa como o rumor dos […]...
- O que tenta ensaiar esta beleza O que tenta ensaiar esta beleza na sua violência prematura, nas linhas do seu submundo. Observo-a como um guarda-nocturno numa […]...
- Saudade Magoa-me a saudade do sobressalto dos corpos ferindo-se de ternura dói-me a distante lembrança do teu vestido caindo aos nossos […]...
- Queda Interior Se a queda é livre o medo da queda é preso. Livre é a queda sem embaraço defeso. A queda […]...
- A Noite na Ilha Dormi contigo toda a noite junto ao mar, na ilha. Eras doce e selvagem entre o prazer e o sono, […]...
- A Vida Mais Vil Antes que a Morte O sono é bom pois despertamos dele Para saber que é bom. Se a morte é sono Despertaremos dela; Se […]...
- Estão Todas as Verdades à Espera em Todas as Coisas Estão todas as verdades à espera em todas as coisas: não apressam o próprio nascimento nem a ele se opõem, […]...
- A Noite Abre Meus Olhos Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado na constelação onde os tremoceiros estendem rondas de aço e charcos no […]...
- O Fogo no Canavial A imagem mais viva do inferno. Eis o fogo em todos seus vícios: eis a ópera, o ódio, o energúmeno, […]...
- A única Doença é não Haver Paixão A única doença é não haver paixão. Há pessoas que encontram no mundo um mero local de passagem, pessoas que […]...
- Ode para o Futuro Falareis de nós como de um sonho. Crepúsculo dourado. Frases calmas. Gestos vagarosos. Música suave. Pensamento arguto. Subtis sorrisos. Paisagens […]...
- Branco e Vermelho A dor, forte e imprevista, Ferindo-me, imprevista, De branca e de imprevista Foi um deslumbramento, Que me endoidou a vista, […]...
- Morangos No começo do amor, quando as cidades nos eram desconhecidas, de que nos serviria a certeza da morte se podíamos […]...
- Balada dos Amores Difíceis Não me refiro aos trágicos: Romeu e Julieta Tristão e Isolda, Pedro e Inês nem a alguns ignorados ícones como […]...
- A Morte o Amor a Vida Julguei que podia quebrar a profundeza a [imensidade Com o meu desgosto nu sem contacto sem eco Estendi-me na minha […]...
- Rosa sem Espinhos Para todos tens carinhos, A ninguém mostras rigor! Que rosa és tu sem espinhos? Ai, que não te entendo, flor! […]...
- Acordar Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras, Acordar da Rua do Ouro, Acordar do Rocio, às […]...
- Sê de Pedra! Não reparaste nunca? Pela aldeia, Nos fios telegraphicos da estrada, Cantam as aves, desde que o sol nada, E, á […]...
- Tristeza Esta noite eu durmo de tristeza. (O sono que eu tinha morreu ontem queimado pelo fogo de meu bem.) O […]...
- 10 A nuvem anuncia a secura das casas. Um homem desloca-se devagar, atravessa uma plantação de café em silêncio, como as […]...
- A Sésta Pierrot escondido por entre o amarello dos gyrassois espreita em cautela o somno d’ella dormindo na sombra da tangerineira. E […]...
- Pedes a Deus Quanto a ti te Quitas QUE COM OS SEUS EXCESSOS ACELERAM A DOENÇA E A VELHICE Que os anos sobre ti voem bem leves, pedes […]...
- Natal Divino Natal divino ao rés-do-chão humano, Sem um anjo a cantar a cada ouvido. Encolhido À lareira, Ao que pergunto Respondo […]...
- Autobiografia Estive convosco em muitas palavras. Algumas levaram-me ainda mais perto. Com outras fiquei apenas mais só. De muitas não vi […]...