Poema Quia Aeternus
(A Joaquim de Araújo)
Não morreste, por mais que o brade à gente
Uma orgulhosa e vã filosofia…
Não se sacode assim tão facilmente
O jugo da divina tirania!
Clamam em vão, e esse triunfo ingente
Com que a Razão – coitada! – se inebria,
É nova forma, apenas, mais pungente,
Da tua eterna, trágica ironia.
Não, não morreste, espectro! o Pensamento
Como d’antes te encara, e és o tormento
De quantos sobre os livros desfalecem.
E os que folgam na orgia ímpia e devassa
Ai! quantas vezes ao erguer a taça,
Param, e estremecendo, empalidecem!
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