Poesia Portuguesa

Poemas em Português

Ideal

Aquela, que eu adoro, não é feita De lírios nem de rosas purpurinas, Não tem as formas languidas, divinas Da […]

Elogio da Morte

I Altas horas da noite, o Inconsciente Sacode-me com força, e acordo em susto. Como se o esmagassem de repente, […]

Logos

Tu, que eu não vejo, e estás ao pé de mim E, o que é mais, dentro de mim – […]

Acordando

Em sonho, às vezes, se o sonhar quebranta Este meu vão sofrer; esta agonia, Como sobe cantando a cotovia, Para […]

O Inconsciente

O Espectro familiar que anda comigo, Sem que pudesse ainda ver-lhe o rosto, Que umas vezes encaro com desgosto E […]

Estoicismo

(A Manoel Duarte de Almeida) Tu que não crês, nem amas, nem esperas, Espírito de eterna negação, Teu hálito gelou-me […]

Entre Sombras

Vem ás vezes sentar-se ao pé de mim – A noite desce, desfolhando as rosas – Vem ter commigo, ás […]

Psalmo

Esperemos em Deus! Ele ha tomado Em suas mãos a massa inerte e fria Da materia impotente e, n’um só […]

Na Capela

Na capela, perdida entre a folhagem, O Cristo, lá no fundo, agonisava… Oh! como intimamente se casava Com minha dor […]

Voz de Outono

Ouve tu, meu cansado coração, O que te diz a voz da Natureza: – “Mais te valera, nú e sem […]

Aspiração

Meus dias vão correndo vagarosos Sem prazer e sem dor, e até parece Que o foco interior já desfalece E […]

Desesperança

Vai-te na aza negra da desgraça, Pensamento de amor, sombra d’uma hora, Que abracei com delírio, vai-te, embora, Como nuvem […]

Os Vencidos

Tres cavaleiros seguem lentamente Por uma estrada erma e pedregosa. Geme o vento na selva rumorosa, Cae a noite do […]

Aparição

Um dia, meu amor (e talvez cedo, Que já sinto estalar-me o coração!) Recordarás com dor e compaixão As ternas […]

Mors Liberatrix

(A Bulhão Pato) Na tua mão, sombrio cavaleiro, Cavaleiro vestido de armas pretas, Brilha uma espada feita de cometas, Que […]

Com os Mortos

Os que amei, onde estão? Idos, dispersos, arrastados no giro dos tufões, Levados, como em sonho, entre visões, Na fuga, […]

O que Diz a Morte

Deixai-os vir a mim, os que lidaram; Deixai-os vir a mim, os que padecem; E os que cheios de mágoa […]

Redenção

I Vozes do mar, das árvores, do vento! Quando às vezes, n’um sonho doloroso, Me embala o vosso canto poderoso, […]

Tese e Antítese

I Já não sei o que vale a nova idéia, Quando a vejo nas ruas desgrenhada, Torva no aspecto, à […]

Disputa em Família

I Sai das nuvens, levanta a fronte e escuta O que dizem teus filhos rebelados, Velho Jeová de longa barba […]

Os Captivos

Encostados ás grades da prisão, Olham o céo os palidos captivos. Já com raios obliquos, fugitivos, Despede o sol um […]

Sepultura Romântica

Ali, onde o mar quebra, n’um cachão Rugidor e monótono, e os ventos Erguem pelo areal os seus lamentos, Ali […]

Contemplação

Sonho de olhos abertos, caminhando Não entre as formas já e as aparências, Mas vendo a face imóvel das essências, […]

Metempsicose

Ausentes filhas do prazer: dizei-me! Vossos sonhos quais são, depois da orgia? Acaso nunca a imagem fugidia Do que fostes, […]

O Convertido

Entre os filhos dum século maldito Tomei também lugar na ímpia mesa, Onde, sob o folgar, geme a tristeza Duma […]

Idílio

Quando nós vamos ambos, de mãos dadas, Colher nos vales lírios e boninas, E galgamos dum fôlego as colinas Dos […]

Anima Mea

Estava a Morte ali, em pé, diante, Sim, diante de mim, como serpente Que dormisse na estrada e de repente […]

Luta

Fluxo e refluxo eterno… João de Deus. Dorme a noite encostada nas colinas. Como um sonho de paz e esquecimento […]

À Virgem Santíssima

Cheia de Graça, Mãe de Misericórdia N’um sonho todo feito de incerteza, De nocturna e indizível ansiedade, É que eu […]

Divina Comédia

Erguendo os braços para o céu distante E apostrofando os deuses invisíveis, Os homens clamam: – “Deuses impassíveis, A quem […]

A um Crucifixo

Há mil anos, bom Cristo, ergueste os magros braços E clamaste da cruz: há Deus! e olhaste, ó crente, O […]

Nocturno

Espírito que passas, quando o vento Adormece no mar e surge a Lua, Filho esquivo da noite que flutua, Tu […]

Solemnia Verba

Disse ao meu coração: Olha por quantos Caminhos vãos andámos! Considera Agora, desta altura, fria e austera, Os ermos que […]

Em Viagem

Pelo caminho estreito, aonde a custo Se encontra uma só flor, ou ave, ou fonte, Mas só bruta aridez de […]

Comunhão

Reprimirei meu pranto!… Considera Quantos, minh’alma, antes de nós vagaram, Quantos as mãos incertas levantaram Sob este mesmo céu de […]

Lacrimae Rerum

Noite, irmã da Razão e irmã da Morte, Quantas vezes tenho eu interrogado Teu verbo, teu oráculo sagrado, Confidente e […]

Amor Vivo

Amar! mas d’um amor que tenha vida… Não sejam sempre tímidos harpejos, Não sejam só delirios e desejos D’uma douda […]

Ignotus

(A Salomão Sáragga) Onde te escondes? Eis que em vão clamamos, Suspirando e erguendo as mãos em vão! Já a […]

Justitia Mater

Nas florestas solenes há o culto Da eterna, íntima força primitiva: Na serra, o grito audaz da alma cativa, Do […]

Despondency

Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram Ninho e filhos e tudo, sem piedade… Que a leve o ar sem […]

Visão

(A J. M. Eça de Queiroz) Eu vi o Amor – mas nos seus olhos baços Nada sorria já: só […]

Abnegação

Chovam lírios e rosas no teu colo! Chovam hinos de glória na tua alma! Hinos de glória e adoração e […]

Ad Amicos

Em vão lutamos. Como névoa baça, A incerteza das coisas nos envolve. Nossa alma, em quanto cria, em quanto volve, […]

Voz Interior

(A João de Deus) Embebido n’um sonho doloroso, Que atravessam fantásticos clarões, Tropeçando n’um povo de visões, Se agita meu […]

A uma Mulher

Para tristezas, para dor nasceste. Podia a sorte pôr-te o berço estreito N’algum palácio e ao pé de régio leito, […]

Transcendentalismo

(A J. P. Oliveira Martins) Já sossega, depois de tanta luta, Já me descansa em paz o coração. Caí na […]

Mais Luz!

(A Guilherme de Azevedo) Amem a noite os magros crapulosos, E os que sonham com virgens impossíveis, E os que […]