Poema Uma Doença Cúmplice
uma doença cúmplice, marcas púrpura
dão ao teu rosto a expressão do exílio
a que te submetes, gemeste
toda a noite, soçobraste
à febre alta do final da tarde, uma prega,
vincada no teu rosto,
mantém-te inanimado
entre a vigília e a injúria
que há no sacrifício
e te põe a carne em chaga.
uma doença altiva, a consistência
do silêncio é como aço e o transe
permanece, é superiormente excessiva
tanta angústia.
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