Poema Elegia

O teu corpo,
uma vez o meu altar e pecado,
O teu corpo
agora amarelo e viscoso,
hostil como a freira enclausurada,
é uma forma obscena ao sol.

Tu estás morta –
tu, o meu pão e vinho santo!

Tu foste
a minha dor,
o sol
e a chuva;
Tu foste
saudade,
tudo
e desejo,
quando nós
sofrendo,
quando nós
encontramos
uma nova luz
uma nova fé!

Tu estás morta –
tu, o meu pão e vinho santo.

(1 votes, average: 5,00 out of 5)

Mais poemas:

Certezas do Tempo Foi de uma colina obscena que viemos, no dia se esconde o dedo, nascemos. Deste caminho, só o hálito não […]...
Elegia para Santa Rosa Aurora chega, e permaneces fria noite, imobilizado, cego e mudo às coisas das manhãs que amanhecias: cavalete, jornal, café no […]...
Elegia do Ciúme A tua morte, que me importa, se o meu desejo não morreu? Sonho contigo, virgem morta, e assim consigo (mas […]...
Elegia de Natal Era também de noite Era também Dezembro Vieram-me dizer que o meu irmão nascera Já não sei afinal se o […]...
Pequena Elegia de Setembro Não sei como vieste, mas deve haver um caminho para regressar da morte. Estás sentada no jardim, as mãos no […]...
Solidão Cai chuva, chora. Chora, chora. Solidão, solidão! Já não canta o pássaro. Calou-se a voz, a alegre, a rara. A […]...
Quis Achar Teu Corpo Quis achar no teu corpo uma loucura nova alguma coisa viva que lá não estava e que era só minha […]...
Elegia do Amor Lembras-te, meu amor, Das tardes outonais, Em que íamos os dois, Sozinhos, passear, Para fora do povo Alegre e dos […]...
Elegia Marítima Nasceu da terra. Seu corpo, feito do limo das grutas, surgiu cavalgando um rio por uma estrada de luas. Através […]...
Elegia A alegria da vida, essa alegria d’oiro A pouco e pouco em mim vai-se extinguindo, vai… Melros alegres de bico […]...
Do Primeiro Regresso Escuta, meu Amor, quando eu voltar De tão longe, e avistar de novo o Tejo, O meu Restelo que em […]...
E por Vezes E por vezes as noites duram meses E por vezes os meses oceanos E por vezes os braços que apertamos […]...
Elegia Vae em seis mezes que deixei a minha terra E tu ficaste lá, mettida n’uma serra, Boa velhinha! que eras […]...
Alma que Foste Minha Alma que foste minha, desprendida de meu corpo e de meu espírito, leque de palma sem raízes, sem tormentas, que […]...
Fragmentos de uma Elegia (6) Sei que me ouves na tempestade e nas gotas que ficam nas folhas, a brilhar. Sei nas ondas ouvir […]...
Salomé Insónia rôxa. A luz a virgular-se em mêdo, Luz morta de luar, mais Alma do que a lua… Ela dança, […]...
Elegia para a Adolescência E enfim descansaremos sob a verde resistência dos campos escondidos. Nem pensaremos mais no que há-de ser de nós que […]...
Quando Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta Continuará o jardim, o céu e o mar, E como hoje […]...
O Que Eu Sou Nocturna e dubia luz Meu sêr esboça e tudo quanto existe… Sou, num alto de monte, negra cruz, Onde bate […]...
Amigo, a que Vieste? Onde foste ao bater das quatro horas e, antes, quem eras tu, se eras? Amigo ou inimigo, posso falar-te agora […]...
Escrito de Memória Formado em direito e solidão, às escuras te busco enquanto a chuva brilha. É verdade que olhas, é verdade que […]...
Bemdito Sejas Bemdito sejas, Meu verdadeiro conforto E meu verdadeiro amigo! Quando a sombra, quando a noite Dos altos céus vem descendo, […]...
Volúpia No divino impudor da mocidade, Nesse êxtase pagão que vence a sorte, Num frêmito vibrante de ansiedade, Dou-te o meu […]...
Elegia já nada é o que era e provavelmente nunca mais o será e mesmo que o fosse algo me diz […]...
Tarde Demais Quando chegaste enfim, para te ver Abriu-se a noite em mágico luar; E pra o som de teus passos conhecer […]...
Quem Rasgou os Meus Lençóis de Linho Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho, Onde esperei morrer, meus tão castos lençóis? Do meu jardim exíguo […]...
Elegia da Lembrança Impossível O que não daria eu pela memória De uma rua de terra com baixos taipais E de um alto ginete […]...
Pai, Dizem-me que Ainda Te Chamo Pai, dizem-me que ainda te chamo, às vezes, durante o sono – a ausência não te apaga como a bruma […]...
Serenata à Chuva Chuva, manhã cinza, guarda-chuva. Entrar no contexto, dois pontos. Ele e ela abraçados caminham sob o tecto do guarda-chuva que […]...
Elegia dos Amantes Lúcidos Na girândola das árvores (e não há quem as detenha) Deixa de fora a tarde o vermelho que a tinge. […]...
Elegia em Chamas Arde no lar o fogo antigo do amor irreparável e de súbito surge-me o teu rosto entre chamas e pranto, […]...
Pequena Elegia Chamada Domingo O domingo era uma coisa pequena. Uma coisa tão pequena que cabia inteirinha nos teus olhos. Nas tuas mãos estavam […]...
Solidão A solidão é como uma chuva. Ergue-se do mar ao encontro das noites; de planícies distantes e remotas sobe ao […]...
Chegada a Hora o Sonho Será Terra Chegada a hora o sonho será terra, o medo dará seu último vintém, e o passado e o futuro serão […]...
Pétala Dobrada para Trás da Rosa Pétala dobrada para trás da rosa que outros dizem de veludo. Apanho-te do chão e, de perto, contemplo-te de longe. […]...
Vosso Nome de Amor Quando entoar começo com voz branda Vosso nome de amor, doce, e suave, A terra, o mar, vento, água, flor, […]...
Chove. Há Silêncio Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva Não faz ruído senão com sossego. Chove. O céu dorme. Quando a alma […]...
Gostava de Gostar de Gostar Gostava de gostar de gostar. Um momento… Dá-me de ali um cigarro, Do maço em cima da mesa de cabeceira. […]...
Ilumina-se a Igreja por Dentro da Chuva Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia, E cada vela que se acende é mais chuva a bater […]...
Portwine O Douro é um rio de vinho que tem a foz em Liverpool e em Londres e em Nova-York e […]...