Poesia Portuguesa

Poemas em Português

A Lenta Idéia Voa

Solene passa sobre a fértil terra A branca, inútil nuvem fugidia, Que um negro instante de entre os campos ergue […]

A Vida Leve

Só o ter flores pela vista fora Nas áleas largas dos jardins exatos Basta para podermos Achar a vida leve. […]

E à Arte o Mundo Cria

Seguro Assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do […]

Podemos Crer-nos Livres

Aqui, Neera, longe De homens e de cidades, Por ninguém nos tolher O passo, nem vedarem A nossa vista as […]

Nada Somos que Valha

Flores que colho, ou deixo, Vosso destino é o mesmo. Via que sigo, chegas Não sei aonde eu chego. Nada […]

Tarda o que Espera

Não quero as oferendas Com que fingis, sinceros, Dar-me os dons que me dais. Dais-me o que perderei, Chorando-o, duas […]

Não Quero Mais que o Dado

Do que quero renego, se o querê-lo Me pesa na vontade. Nada que haja Vale que lhe concedamos Uma atenção […]

Mortos, Ainda Morremos

O rastro breve que das ervas moles Ergue o pé findo, o eco que oco coa, A sombra que se […]

Nada Fica de Nada

Nada fica de nada. Nada somos. Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos Da irrespirável treva que nos […]

O Infecundo Abismo

De novo traz as aparentes novas Flores o verão novo, e novamente Verdesce a cor antiga Das folhas redivivas. Não […]

Tenho Mais Almas que Uma

Vivem em nós inúmeros; Se penso ou sinto, ignoro Quem é que pensa ou sente. Sou somente o lugar Onde […]

Os Grandes Indiferentes

Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia Tinha não sei qual guerra, Quando a invasão ardia na cidade E as […]

A Vida Grata

Feliz aquele a quem a vida grata Concedeu que dos deuses se lembrasse E visse como eles Estas terrenas coisas […]

Segue o Teu Destino

Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. […]

Quer Pouco: Terás Tudo

Quer pouco: terás tudo. Quer nada: serás livre. O mesmo amor que tenham Por nós, quer-nos, oprime-nos.

Homem, um Corpo Choro!

Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro, Não ‘stá quem eu amei. Olhar nem riso Se escondem nesta leira. […]

Colhe o Dia, porque És Ele

Uns, com os olhos postos no passado, Vêem o que não vêem: outros, fitos Os mesmos olhos no futuro, vêem […]

Abdica e Sê Rei de Ti Mesmo

Frutos, dão-os as árvores que vivem, Não a iludida mente, que só se orna Das flores lívidas Do íntimo abismo. […]

Vive sem Horas

Vive sem horas. Quanto mede pesa, E quanto pensas mede. Num fluido incerto nexo, como o rio Cujas ondas são […]

Breves São os Anos

No breve número de doze meses O ano passa, e breves são os anos, Poucos a vida dura. Que são […]

Este Seu Escasso Campo

Este, seu ‘scasso campo ora lavrando, Ora solene, olhando-o com a vista De quem a um filho olha, goza incerto […]

Quanto Sinto, Penso

Severo narro. Quanto sinto, penso. Palavras são idéias. Múrmuro, o rio passa, e o que não passa, Que é nosso, […]

A Flauta Calma de Pã

De Apolo o carro rodou pra fora Da vista. A poeira que levantara Ficou enchendo de leve névoa O horizonte; […]

Quanta Tristeza e Amargura

Quanta tristeza e amargura afoga Em confusão a ‘streita vida! Quanto Infortúnio mesquinho Nos oprime supremo! Feliz ou o bruto […]

Minhas São se as Tenho

Os deuses e os Messias que são deuses Passam, e os sonhos vãos que são Messias A terra muda dura. […]

Amo o que Vejo

Amo o que vejo porque deixarei Qualquer dia de o ver. Amo-o também porque é. No plácido intervalo em que […]

Cura de Ser quem És

Ninguém a outro ama, senão que ama O que de si há nele, ou é suposto. Nada te pese que […]

Vossa Formosa Juventude

Vossa formosa juventude leda, Vossa felicidade pensativa, Vosso modo de olhar a quem vos olha, Vosso não conhecer-vos – Tudo […]

Nada Tem Sentido

Nos altos ramos de árvores frondosas O vento faz um rumor frio e alto, Nesta floresta, em este som me […]

Prazer, mas Devagar

Prazer, Mas devagar, Lídia, que a sorte àqueles não é grata Que lhe das mãos arrancam. Furtivos retiremos do horto […]

Não Canto a Noite

Não canto a noite porque no meu canto O sol que canto acabara em noite. Não ignoro o que esqueço. […]

Coroai-me de Rosas

Coroai-me de rosas, Coroai-me em verdade, De rosas – Rosas que se apagam Em fronte a apagar-se Tão cedo! Coroai-me […]

Estás Só

Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge. Mas finge sem fingimento. Nada ‘speres que em ti já não exista, […]

Não Tarda Nada Sermos

Breve o dia, breve o ano, breve tudo. Não tarda nada sermos. Isto, pensado, me de a mente absorve Todos […]

Domina ou Cala

Domina ou cala. Não te percas, dando Aquilo que não tens. Que vale o César que serias? Goza Bastar-te o […]