Poema Última Página

Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
Numa palpitação de flores e de ninhos.
Doirava o sol de outubro a areia dos caminhos
(Lembras-te, Rosa?) e ao sol de outubro nos amamos.
Verão. (Lembras-te Dulce?) À beira-mar, sozinhos,
Tentou-nos o pecado: olhaste-me… e pecamos;
E o outono desfolhava os roseirais vizinhos,
Ó Laura, a vez primeira em que nos abraçamos…
Veio o inverno. Porém, sentada em meus joelhos,
Nua, presos aos meus os teus lábios vermelhos,
(Lembras-te, Branca?) ardia a tua carne em flor…
Carne, que queres mais? Coração, que mais queres?
Passas as estações e passam as mulheres…
E eu tenho amado tanto! e não conheço o Amor!

(1 votes, average: 5,00 out of 5)

Mais poemas:

Velha Página Chove. Que mágoa lá fora! Que mágoa! Embruscam-se os ares Sobre este rio que chora Velhos e eternos pesares. E […]...
Quanto Mais Amada Mais Desisto De amor nada mais resta que um Outubro e quanto mais amada mais desisto: quanto mais tu me despes mais […]...
Retrato Ardente Entre os teus lábios é que a loucura acode desce à garganta, invade a água. No teu peito é que […]...
Mãe, os Meninos Andam Distraídos Mãe, os meninos andam distraídos junto ao rio e tu não queres saber de os perder. Sentaste-te a pensar nesse […]...
Última Folha Musa, desce do alto da montanha Onde aspiraste o aroma da poesia, E deixa ao eco dos sagrados ermos A […]...
A Ultima Serenada do Diabo No tempo em que elle, nas lendas, Era amante e cortezão, Jogava, e tinha contendas, Cantava assim em Milão: …………………………………… […]...
Se o Queres Partilhar Fica Comigo O dia estava pronto mas secreto embora a claridade o denunciasse uma denúncia tímida pendente de uma neutralidade pensativa os […]...
Há uma Mulher a Morrer Sentada Há uma mulher a morrer sentada Uma planta depois de muito tempo Dorme sossegadamente Como cisne que se prepara Para […]...
Requiescat Por que me vens, com o mesmo riso, Por que me vens, com a mesma voz, Lembrar aquele Paraíso, Extinto […]...
Nevermore Ah, lembrança, lembrança, que me queres? O Outono Fazia voar os tordos plo ar desmaiado E o sol dardejava um […]...
CF Nos teus lábios a noite descreve um arco. É o ciclo da melancolia que se fecha. Talvez não regresse. Por […]...
A Elvira (Lamartine) Quando, contigo a sós, as mãos unidas, Tu, pensativa e muda; e eu, namorado, Às volúpias do amor a […]...
Cântico ao Amor Somos na obra do Mundo um corpo em carne e desejo que alimenta de alquimia o tumulto do vento que […]...
Coração, Olha o que Queres MOTE Coração, olha o que queres: Que mulheres, são mulheres… VOLTAS Tão tirana e desigual Sustentam sempre a vontade, Que […]...
Se Eu Nunca Disse Se eu nunca disse que os teus dentes São pérolas, É porque são dentes. Se eu nunca disse que os […]...
Amor o teu rosto à minha espera, o teu rosto a sorrir para os meus olhos, existe um trovão de céu […]...
És dos Céus o Composto Mais Brilhante Marília, nos teus olhos buliçosos Os Amores gentis seu facho acendem; A teus lábios, voando, os ares fendem Terníssimos desejos […]...
Anda, Vem Anda, vem… por que te négas, Carne morêna, toda perfume? Por que te cálas, Por que esmoreces Boca vermêlha, – […]...
A Carne é Crápula A carne é crápula sob o olho cego do desejo. A carne é trôpega se fala sob o pêlo de […]...
O Oleiro Há em todo o teu corpo uma taça ou doçura a mim destinada. Quando levanto a mão encontro em cada […]...
Canção à Ausente Para te amar ensaiei os meus lábios… Deixei de pronunciar palavras duras. Para te amar ensaiei os meus lábios! Para […]...
Verdade, Mentira, Certeza, Incerteza Verdade, mentira, certeza, incerteza… Aquele cego ali na estrada também conhece estas palavras. Estou sentado num degrau alto e tenho […]...
Idylio d’Aldeia Não sei que ha que me impelle Para o teu escuro olhar!… É mais branca a tua pelle, Do que […]...
Hora Vermelha Por que vieste, pensamento? Já me bastava o Mar violento, Já me bastava o Sol que ardia… P’los meus sentidos […]...
Horas Rubras Horas profundas, lentas e caladas Feitas de beijos rubros e ardentes, De noites de volúpia, noites quentes Onde há risos […]...
Evolução Arde o corpo do sol, brotam feixes de luz: O que é a luz? Sol que morreu. Dardeja a luz, […]...
Doces Despojos de meu Bem Passado Amor, co’a esperança já perdida Teu soberano templo visitei; Por sinal do naufrágio que passei, Em lugar dos vestidos, pus […]...
Eu Planto no Teu Corpo Como se arrasta no sol morno um verme Por sobre a polpa de uma fruta, eu durmo A tua carne […]...
Conselhos a um Amigo Amigo se queres Ser poeta Sobretudo não armes Em imbecil Não escrevas Canções demasiado estúpidas Mesmo que as grunhas Gostem […]...
Presídio Nem todo o corpo é carne… Não, nem todo Que dizer do pescoço, às vezes mármore, às vezes linho, lago, […]...
Falas de Civilização, e de não Dever Ser Falas de civilização, e de não dever ser, Ou de não dever ser assim. Dizes que todos sofrem, ou a […]...
Quanto, Quanto me Queres? Quanto, quanto me queres? – perguntaste Olhando para mim mas distrahida; E quando nos meus olhos te encontraste, Eu vi […]...
A Tua Voz de Primavera Manto de seda azul, o céu reflete Quanta alegria na minha alma vai! Tenho os meus lábios úmidos: tomai A […]...
Pequena Elegia de Setembro Não sei como vieste, mas deve haver um caminho para regressar da morte. Estás sentada no jardim, as mãos no […]...
Gosto de Amar gosto de amar com os dedos, encontrar o centímetro em que nasce o orgasmo em ti, perceber a extensão da […]...
Suavidade Poisa a tua cabeça dolorida Tão cheia de quimeras, de ideal Sobre o regaço brando e maternal Da tua doce […]...
O Amor, um Dever de Passagem Fui envenenado pela dor obscura do Futuro. Eu sabia já que algo se preparava contra o meu corpo. Agora torço-me […]...
Volta até Mim no Silêncio da Noite Volta até mim no silêncio da noite a tua voz que eu amo, e as tuas palavras que eu não […]...
Rosto Afogado Para sempre um luar de naufrágio anunciará a aurora fria. Para sempre o teu rosto afogado, entre retratos e vendedores […]...
Amor à Vista Entras como um punhal até à minha vida. Rasgas de estrelas e de sal a carne da ferida. Instala-te nas […]...