Poema Bailados do Luar
Pétalas de rosas
tombam lentamente, silenciosas…
E de vagar
vem entrando
a farândola rítmica
e silente
dos góticos bailados do luar!…
Sobre as dobras macias
e assediantes
da seda do meu leito desmanchado,
esguias sombras
adelgaçando afagos,
poisam no meu peito desvestido…
E a boca hipnótica e algente
do meu luarento amante,
vai esculpindo o meu corpo
pálido e vencido!…
No espaço azul e vago,
esvoaça subtiltmente
a cálida lembrança
da tua voz!
Busco a verdade viva do teu beijo
e encontro apenas
esta estranha heresia,
crispando o alvo recorte
do meu corpo magoado!…
Estilhaçam-se, vibrando
numa ânsia doentia,
os meus nervos nostálgicos,
irreverentes
empalidecendo
em dolências inocentes
o rubor do meu desejo
insaciado…
As rosas vão tombando lentamente,
devagar,
sobre a carícia dormente
e embruxada…
dos espásmicos beijos do luar…
Oiço a tua voz
em toda a parte!
E perco-me dentro dos meus próprios braços,
tumultuosos e exigentes,
a procurar-te!