Poema 11 de Maio
Se eu fosse nuvem tinha immensa magoa
Não te servindo d’azas maternaes
Que te podessem abrigar da agoa
Que chovesse das mais!
E sendo eu onda, tinha magoa summa
Não te podendo a ti, mulher, levar
De praia em praia, sobre a alva espuma.
Sem nunca te molhar!
E sendo aragem, eu, que pela face
Te roçasse de rijo, alguma vez
Que o Senhor com mais força respirasse,
Que magoa immensa… Vês!
E a luz do teu olhar que me não lusa
Um rapido momento, a mim, sequer,
Como a aguia no ar… que passa e cruza
A terra sem n’a vêr!
Mas que me importa a mim! Se me esmagasses
Um dia aos pés o coração a mim,
As vozes que lhe ouviras se escutasses,
Era o teu nome… Sim!
O teu nome gemido docemente
Com toda a fé d’um martyr em Jesus,
Se acaso já em Christo pôz um crente
A fé que eu em ti puz!
A fé, mais o amor! Porque elle expira
Sem que a ninguem lhe estale o coração,
E eu, se essa cruz dos olhos me fugira,
Sobrevivia? Não!
Assim como em ti vivo, morreria
Tambem comtigo, se uma vez (que horror!)
Te visse pôr, oh sol!… sol do meu dia!
Astro do meu amor!