Autor João Deus

O dinheiro é tão bonito, Tão bonito, o maganão! Tem tanta graça, o maldito, Tem tanto chiste, o ladrão! O […]

Meus olhos sempre inquietos Que posso até dizer, Só acham n’alma objectos Que os possam entreter; Meus olhos… coisa rara! […]

I Vi-te uma vez e (novo Extranho caso foi!) Por entre tanto povo… Tanta mulher… Suppõe Que mãe estremecida Via […]

É esta vida um mar; e n’este mar Qual é o astro que nos alumia? Que norte, estrella ou bussola […]

Andava um dia Em pequenino Nos arredores De Nazaré, Em companhia De São José, O bom Jesus, O Deus Menino. […]

Adeus tranças cor de ouro, Adeus peito cor de neve! Adeus cofre onde estar deve Escondido o meu tesouro! Adeus […]

Se eu fosse nuvem tinha imensa mágoa Não te servindo de asas maternais Que te pudessem abrigar da água Que […]

A ti, que em astros desenhei nos céos, A ti, que em nuvens desenhei nos ares, A ti, que em […]

Senhor! Senhor! que um ai nunca me ouviste Na minha dôr! Ai vida, vida minha, como és triste!… Senhor! Senhor! […]

I Ella não sabe a luz suave e pura Que derrama n’uma alma acostumada A não vêr nunca a luz […]

Olhas-me tu Constantemente: D’ahi concluo Que essa alma sente!… Que ama, não zomba, Como é vulgar; Que é uma pomba […]

Quando a minha alma nasceu Para onde olhou primeiro, E viu tudo um nevoeiro, Foi lá cima para o céu… […]

Amo-te muito, muito! Reluz-me o paraíso Num teu olhar fortuito, Num teu fugaz sorriso! Quando em silêncio finges Que um […]

Tu és o cálix; Eu, o orvalho! Se me não vales, Eu o que valho? Eu se em ti caio […]

Supõe que de uma praia, rocha ou monte, Com essa vista embaciada e turva Que dá aos olhos entranhável dor, […]

Amo-te, flor! Se te amo, Deus que o sabe Que o diga a teus irmãos, que o Céu povoam E […]

Eu podia falar todas as línguas Dos homens e dos anjos; Logo que não tivesse caridade, Já não passava de […]

Pensas que te não vejo a ti? Bom era! Gravei tão vivamente n’alma a dôce E bella imagem tua, que […]

Primícias do meu amor! Meu filhinho do meu seio Tenro fruto que à luz veio Como à luz da aurora […]

Beijo na face Pede-se e dá-se: Dá? Que custa um beijo? Não tenha pejo: Vá! Um beijo é culpa, Que […]

Não sei o que ha de vago, Incoercivel, puro, No vôo em que divago Á tua busca, amor! No vôo […]

Quando vejo a minha amada Parece que o Sol nasceu; Cantai, cantai alvorada Ó avezinhas do céu. Nessas águas do […]

Oh, quem me dera embalado Nesse berço vaporoso, Nuvens do céu azulado… Onde os meus olhos repouso Já de tanto […]

Mimosa noite de amores, Mimoso leito de flores, Mimosos, lânguidos ais! Vergôntea débil ainda, Tremia! Lua tão linda, Lembra-me ainda… […]

Oh dôce luz! oh lua! Que luz suave a tua, E como se insinua Em alma que fluctua De engano […]

Não sou eu tão tola Que caia em casar; Mulher não é rola Que tenha um só par: Eu tenho […]

Não vês como eu sigo Teus passos, não vês? O cão do mendigo Não é mais amigo Do dono talvez! […]

Que mimos me confortam? Que doce luz me acena? Eu tenho muita pena De ter nascido até! Quizera antes ao […]

Seria o beijo Que te pedi, Dize, a razão (outra não vejo) Por que perdi Tanta afeição? Fiz mal, confesso; […]

Se eu fosse nuvem tinha immensa magoa Não te servindo d’azas maternaes Que te podessem abrigar da agoa Que chovesse […]

Ó Mãe… de minha mãe! Explica-me o segredo Que eu mesmo a Deus sem medo Não ia confessar: Aquele seu […]

(A Martins de Carvalho num dia dos seus anos) Uma vez encontrámo-nos os dois Nesse mar da política; depois, Como […]

Amas-me a mim? Perdoa, É impossível! Não, Não há quem se condoa Da minha solidão. Como podia eu, triste, Ah! […]

Tenho-te muito amor, E amas-me muito, creio: Mas ouve-me, receio Tomar-te desgraçada: O homem, minha amada, Não perde nada, goza; […]

Uivaria de amor a féra bruta Que pela grenha te sentisse a mão! E eu não sou féra, pomba! Espera! […]

Puxando um avarento de um pataco Para pagar a tampa de um buraco Que tinha já nas abas do casaco, […]

Não sei o que supor Do teu silêncio. Escreve! Quem é amado deve Ser grato ao menos, flor! Se eu […]

Não brilha o sol, Nem póde a lua Brilhar na sua Presença d’ella!.. Nenhuma estrella Brilha deante Da minha amante, […]