Poema Volúvel do Homem Foi Sempre a Vontade
Sobre as asas do Tempo, que não cansa,
Nossos gostos se vão, nossas paixões
Os projectos, sistemas e opiniões
Cos tempos que se mudam tem mudança.
Não pode haver no mundo segurança
Entre o vário montão de inclinações,
Pois sujeita a Vontade a mil baldões
No variável moto não descansa.
Nas nossas quatro épocas da idade
Temos mudanças mil: nossa fraqueza
Sujeita está, do Tempo, à variedade.
Na inconstância jamais houve firmeza:
Volúvel do homem foi sempre a vontade,
Por defeito comum da Natureza.





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