Poema O Sábio não Vai em Grossos Rios
Quão bem aventurado e quão ditoso
O sábio é, que parco passa a vida
Medindo, alegre, a entrada co’a saída
Do Mundo vão, sem medo do invejoso!
Quem c’o pouco que tem vive gostoso,
Cos desejos não tem sôfrega lida.
Como subir não quer, nunca a caída
Teme, do vão Faetonte desejoso.
Se tem sede, não vai em grossos rios
Beber, sôfrego, a farto nas correntes,
Porque teme cair em seus baixios.
Pequena fonte vai buscar, prudente,
Onde bebe, seguro dos bravios
Enrolados cachões da altiva enchente.
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