Autor Florbela Espanca

Não me digas adeus, ó sombra amiga, Abranda mais o ritmo dos teus passos; Sente o perfume da paixão antiga, […]

Vejo-me triste, abandonada e só Bem como um cão sem dono e que o procura Mais pobre e desprezada do […]

Versos! Versos! Sei lá o que são versos… Pedaços de sorriso, branca espuma, Gargalhadas de luz, cantos dispersos, Ou pétalas […]

A noite empalidece. Alvorecer… Ouve-se mais o gargalhar da fonte… Sobre a cidade muda, o horizonte É uma orquídea estranha […]

Hora sagrada dum entardecer De Outono, à beira-mar, cor de safira, Soa no ar uma invisível lira… O sol é […]

A Flor do Sonho, alvíssima, divina, Miraculosamente abriu em mim, Como se uma magnólia de cetim Fosse florir num muro […]

O pavor e a angústia andam dançando… Um sino grita endechas de poentes… Na meia-noite d´hoje, soluçando, Que presságios sinistros […]

A minha mocidade há muito pus No tranquilo convento da tristeza; Lá passa dias, noites, sempre presa, Olhos fechados, magras […]

Mar alto! Ondas quebradas e vencidas Num soluçar aflito, murmurado… Vôo de gaivotas, leve, imaculado, Como neves nos píncaros nascidas! […]

Como pálpebras roxas que tombassem Sobre uns olhos cansados, carinhosas, A noite desce… Ah! doces mãos piedosas Que os meus […]

Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes Batendo as asas leves, irisadas, Poisam nos meus, suaves e cansadas Como em dois […]

A Bourbon e Meneses Tenho pena de tudo quanto lida Neste mundo, de tudo quanto sente, Daquele a quem mentiram, […]

Perdi meus fantásticos castelos Como névoa distante que se esfuma… Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los: Quebrei as minhas lanças […]

Quando chegaste enfim, para te ver Abriu-se a noite em mágico luar; E pra o som de teus passos conhecer […]

Quem me dera voltar à inocência Das coisas brutas, sãs, inanimadas, Despir o vão orgulho, a incoerência: – Mantos rotos […]

O mundo quer-me mal porque ninguém Tem asas como eu tenho! Porque Deus Me fez nascer Princesa entre plebeus Numa […]

A Artur Ledesma Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem Quem sou?! Um fogo-fátuo, uma miragem… Sou um reflexo… […]

Meu Amor! Meu Amante! Meu Amigo! Colhe a hora que passa, hora divina, Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo! Sinto-me […]

À tua porta há um pinheiro manso De cabeça pendida, a meditar, Amor! Sou eu, talvez, a contemplar Os doces […]

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, […]