Poema Elegia Marítima
Nasceu da terra. Seu corpo,
feito do limo das grutas,
surgiu cavalgando um rio
por uma estrada de luas.
Através de ondas agrestes
de um oceano vegetal,
de onde acenavam aos olhos
ilhotas de manacás,
alcançou o colo das praias
que a mão lasciva do mar
aperta, despe e mergulha
em seu aroma de sal.
Ali viveu junto às vagas
essa esquiva amendoeira,
cabelos soltos à brisa,
pés escondidos na areia.
Um dia o mar a arrastou
através de ilhas sem fim.
Parti com ela. E hoje canta
a morte dentro de mim.
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