Poema O Ofício
Escrevo para sentir nas veias
o voo da pedra.
Antecipação da paz
neste país de granadas
moldadas
no silêncio dos frutos.
Escrevo como quem escava
no bojo da sombra
um mar de claridade.
Pedras vivas de possibilidade
as palavras levantam
o crime, os pássaros do pântano
Escrevo
no grande espaço obscuro
que somos e nos inunda.
(2 votes, average: 2,50 out of 5)
Mais poemas:
- Quem Falou em Crime? Crime quem falou em crime somos todos irmãos todos a mesma carne incendiada Quando houver um crime o primeiro todos […]...
- Ofício de Amar já não necessito de ti tenho a companhia nocturna dos animais e a peste tenho o grão doente das cidades […]...
- Li Hoje Quase Duas Páginas Li hoje quase duas páginas Do livro dum poeta místico, E ri como quem tem chorado muito. Os poetas místicos […]...
- Povoamento No teu amor por mim há uma rua que começa Nem árvores nem casas existiam antes que tu tivesses palavras […]...
- Um Ofício que Fosse de Intensidade e Calma Um ofício que fosse de intensidade e calma e de um fulgor feliz E que durasse com a densidade ardente […]...
- Soneto de Mal Amar Invento-te recordo-te distorço a tua imagem mal e bem amada sou apenas a forja em que me forço a fazer […]...
- Da Resistência Cantarei versos de pedras. Não quero palavras débeis para falar do combate. Só peço palavras duras, uma linguagem que queime. […]...
- Horas Vivas Noite: abrem-se as flores… Que esplendores! Cíntia sonha amores Pelo céu. Tênues as neblinas Às campinas Descem das colinas, Como […]...
- Grandeza do Homem Somos a grande ilha do silêncio de deus Chovam as estações soprem os ventos jamais hão-de passar das margens Caia […]...
- A única Doença é não Haver Paixão A única doença é não haver paixão. Há pessoas que encontram no mundo um mero local de passagem, pessoas que […]...
- Poema Explicativo Inúteis são os voos. Inúteis são os pássaros. Silenciosas sombras tudo extinguem. Como as vagas de um mar longínquo e […]...
- Tempo Tempo – definição da angústia. Pudesse ao menos eu agrilhoar-te Ao coração pulsátil dum poema! Era o devir eterno em […]...
- A Mulher Borda A mulher borda violentamente o ventre contra o chão. É este o centro do círculo da loucura e a luz […]...
- O Amor é o Amor O amor é o amor – e depois?! Vamos ficar os dois a imaginar, a imaginar?… O meu peito contra […]...
- Vertentes As palavras esperam o sono e a música do sangue sobre as pedras corre a primeira treva surge o primeiro […]...
- Glosa para José Gomes Ferreira O mundo, dizias tu, não é só dos pássaros e do vento, o mundo é também nosso. Foi por isso, […]...
- Amo-te na Carne que Tomaste do Chão que Aplaino Amo-te na carne que tomaste do chão que aplaino Com as mãos Com as palavras que escrevo e apago Na […]...
- Pandora De repente, o corpo da mulher fulgura, pupila de deus, punhal ou bico, sede que chama. Pára em mim e […]...
- Dizem que Finjo ou Minto Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Tudo […]...
- Lágrimas de Honesta Piedade e Imortal Contentamento Amor, que o gesto humano na alma escreve, Vivas faíscas me mostrou um dia, Donde um puro cristal se derretia […]...
- Mordaças (fragmento) O que somos se não somos mais do que fôramos, somos e teremos sido intactos neste ventre sombras na […]...
- Realidade Por causa de um livro vieste ao meu encontro. Era Verão, não sabias de nada nem isso interessava. Palavras amavam-se […]...
- A Leitora A leitora abre o espaço num sopro subtil. Lê na violência e no espanto da brancura. Principia apaixonada, de surpresa […]...
- Novembro Quando o esbirro se aborrece, torna-se perigoso. O céu constrói-se, em chamas. Sinais de pancadas ouvem-se de cela em cela. […]...
- Palavras para a Minha Mãe mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz. sei hoje […]...
- Exílio Dentro de cada rosto vai-se e perde o passo antes certo que não se quisera passo, mas silêncio. Se em […]...
- Os Meus Livros Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos […]...
- Quase um Poema de Amor Há muito tempo já que não escrevo um poema De amor. E é o que eu sei fazer com mais […]...
- As Palavras de Adeus A realidade é maior que a verdade meu amor somos mais do que o sol e do que o mar […]...
- Aqui Mereço-te O sabor do pão e da terra e uma luva de orvalho na mão ligeira. A flor fresca que respiro […]...