Poesia Portuguesa

Poemas em Português



Poema Briga

Brigar é simples.
Chame-se covarde ao contendor.
Ele olhe nos olhos e:
– Repete.
Repita-se: – Covarde.
Então ele recite, resoluto:
– Puta que pariu.
– A sua, fio da puta.

Cessem as palavras. Bofetão.
Articulem-se os dois no braço a braço.
Soco de lá soco de cá
pontapé calço rasteira
unha, dente, sérios, aplicados
na honra de lutar:
um corpo só de dois que se embolaram.

Dure o tempo que durar
a resistência de um.
Não desdoura apanhar, mas que se cumpra
a lei da briga, simples.


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Poema Briga - Carlos Drummond de Andrade