Poema Dezasseis Anos, Talvez
Dezasseis anos, talvez.
Vejo-a, no café, cada manhã,
A folhear, atenta, um compêndio de inglês,
Com um perfume a Escola e a maçã.
Não me canso de a olhar. Às vezes, olha
(Um velho!), num desvio de atenção,
E logo volta a folha,
Enquanto molha
o bolo no “galão”.
Eu saio, com pesar, bebida a “bica”.
Ela é a minha manhã,
Tão natural, tão clara… que ali fica.
– Que saudades da Escola! Que fome de maçã!





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