Poema A Ultima Serenada do Diabo
No tempo em que elle, nas lendas,
Era amante e cortezão,
Jogava, e tinha contendas,
Cantava assim em Milão:
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Ó flores meigas, ó Bellas!
Para prender os toucados,
Eu dar-vos-hia as estrellas:
– Os alfinetes dourados!
Só pelo amor quebro lanças! –
A Rainha de Navarra
Enleou um dia as tranças
No braço d’esta guitarra!
Sou um heroe perseguido!…
Mas inda ha luz nos meus rastros;
A lança que me ha ferido
Foi feita do ouro dos astros!
Mas um dia, ó bem amadas!
Eu tornaria ás alturas…
Subindo pelas escadas
Das vossas tranças escuras!
O amor que em meu peito cabe
Não conta diques, ó bellas!
Só minha guitarra o sabe,
E aquellas velhas estrellas!
Ó batalhas amorosas!
– Era d’aventuras cheia!
Ó brancas noutes saudosas
Que eu andei pela Judea!
Ó flores apetecidas!
Livros escriptos com beijos!
Ó brancas aves fugidas
Dos jardins dos meus desejos!
Não me deixeis no abandono
Ó tristes olhos leaes!
Como as pombas, no outomno,
Que abandonam os pombaes!
Que fosse eu crucificado
N’alguma bem alta Cruz!…
– E vos tivesse a meu lado,
Como vos teve Jezus!…
Esses olhos me consomem!…
Mas, Mulher, da lucta ao cabo,
Se perdeste o antigo Homem…
– Tu matarás o Diabo!