Poema Enquanto outros Combatem
Empunhasse eu a espada dos valentes!
Impelisse-me a acção, embriagado,
Por esses campos onde a Morte e o Fado
Dão a lei aos reis trémulos e ás gentes!
Respirariam meus pulmões contentes
O ar de fogo do circo ensanguentado…
Ou caíra radioso, amortalhado
Na fulva luz dos gládios reluzentes!
Já não veria dissipar-se a aurora
De meus inúteis anos, sem uma hora
Viver mais que de sonhos e ansiedade!
Já não veria em minhas mãos piedosas
Desfolhar-se, uma a uma, as tristes rosas
D’esta pálida e estéril mocidade!
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