Poema À Espera do Amado
Disse-me baixinho:
– Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
– Vai-te embora.
Mas ele não foi.
Chegou ao pé de mim e agarrou-me as mãos…
Eu disse-lhe:
– Deixa-me.
Mas ele não deixou.
Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
– Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
– Como te atreves?
Mas ele não se envergonhou.
Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
– É inútil.
Mas ele não fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque é que ele não volta?