Autor Miguel Torga

Que renda fez a tarde no jardim, Que há cedros que parecem de enxoval? Como é difícil ver o natural […]

Aproxima-se o fim. E tenho pena de acabar assim, Em vez de natureza consumada, Ruína humana. Inválido do corpo E […]

Na taça que eu lavrei quero que bebas O segredo profundo dos meus dias; E, dona do que é meu, […]

E sem um gesto, sem um não, partias! Assim a luz eterna se extinguia! Sem um adeus, sequer, te despedias, […]

Ouço-os de todo o lado. Eu é que sou assim. Eu é que sou assado, Eu é que sou o […]

Aqui, diante de mim, Eu, pecador, me confesso De ser assim como sou. Me confesso o bom e o mau […]

Ama-me sempre, como à flor do lírio Bravo e sózinho, a quem a gente quer Mesmo já seco na recordação. […]

A jovem deusa passa Com véus discretos sobre a virgindade; Olha e não olha, como a mocidade; E um jovem […]

Hinos aos deuses, não. Os homens é que merecem Que se lhes cante a virtude. Bichos que lavram no chão, […]

Foi tudo tão pontual Que fiquei maravilhado. Caiu neve no telhado E juntou-se o mesmo gado No curral. Nem as […]

– Liberdade, que estais no céu… Rezava o padre-nosso que sabia, A pedir-te, humildemente, O pio de cada dia. Mas […]

Meu coração tem quantos versos quer; É só pulsá-los com medida e rumo. É só erguer-se a pino a um […]

Tempo – definição da angústia. Pudesse ao menos eu agrilhoar-te Ao coração pulsátil dum poema! Era o devir eterno em […]

Triste, lá vai à ronda dos segredos O maluco que rouba quanto vê. Branco, do coração aos dedos, É todo […]

Há muito tempo já que não escrevo um poema De amor. E é o que eu sei fazer com mais […]

O que isto é, viver! Abrir os olhos, ver, E ser o nevoeiro que se vê! Nevoeiro ao nascer, Nevoeiro […]

Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas Às urgentes […]

Dorme a vida a meu lado, mas eu velo. (Alguém há-de guardar este tesoiro!) E, como dorme, afago-lhe o cabelo, […]

Foi bonito O meu sonho de amor. Floriram em redor Todos os campos em pousio. Um sol de Abril brilhou […]

Não me dói nada meu particular. Peno cilícios da comunidade. Água dum rio doce, entrei no mar E salguei-me no […]