Autor Hilda Hilst

Existe a noite, e existe o breu. Noite é o velado coração de Deus Esse que por pudor não mais […]

Se te pertenço, separo-me de mim. Perco meu passo nos caminhos de terra E de Dionísio sigo a carne, a […]

Contente. Contente do instante Da ressurreição, das insônias heróicas Contente da assombrada canção Que no meu peito agora se entrelaça. […]

Que este amor não me cegue nem me siga. E de mim mesma nunca se aperceba. Que me exclua do […]

Que boca há de roer o tempo? Que rosto Há de chegar depois do meu? Quantas vezes O tule do […]

Aos amantes é lícito a voz desvanecida. Quando acordares, um só murmúrio sobre o teu ouvido: Ama-me. Alguém dentro de […]

Vinda do fundo, luzindo Ou atadura, escondendo, Vindo escura Ou pegajosa lambendo Vinda do alto Ou das ferraduras Memoriosa se […]

Tateio. A fronte. O braço. O ombro. O fundo sortilégio da omoplata. Matéria-menina a tua fronte e eu Madurez, ausência […]

Lembra-te que há um querer doloroso E de fastio a que chamam de amor. E outro de tulipas e de […]

É crua a vida. Alça de tripa e metal. Nela despenco: pedra mórula ferida. É crua e dura a vida. […]

Te baptizar de novo. Te nomear num trançado de teias E ao invés de Morte Te chamar Insana Fulva Feixe […]

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas Buscando Aquele Outro decantado Surdo […]

Colada à tua boca a minha desordem. O meu vasto querer. O incompossível se fazendo ordem. Colada à tua boca, […]

Ver-te. Tocar-te. Que fulgor de máscaras. Que desenhos e rictus na tua cara Como os frisos veementes dos tapetes antigos. […]

Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca Austera. Toma-me AGORA, ANTES Antes que a carnadura se desfaça […]

E por que haverias de querer minha alma Na tua cama? Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas Obscenas, porque era assim […]