Rosto Afogado
Para sempre um luar de naufrágio anunciará a aurora fria. Para sempre o teu rosto afogado, entre retratos e vendedores […]
Poemas em Português
Para sempre um luar de naufrágio anunciará a aurora fria. Para sempre o teu rosto afogado, entre retratos e vendedores […]
Os amigos amei despido de ternura fatigada; uns iam, outros vinham, a nenhum perguntava porque partia, porque ficava; era pouco […]
Vê como de súbito o céu se fecha sobre dunas e barcos, e cada um de nós se volta e […]
– Que posso eu fazer senão beber-te os olhos enquanto a noite não cessa de crescer? – Repara como sou […]
Procuro a ternura súbita, os olhos ou o sol por nascer do tamanho do mundo, o sangue que nenhuma espada […]
Os navios existem, e existe o teu rosto encostado ao rosto dos navios. Sem nenhum destino flutuam nas cidades, partem […]
Sim, eu conheço, eu amo ainda esse rumor abrindo, luz molhada, rosa branca. Não, não é solidão, nem frio, nem […]
Entre a folha branca e o gume do olhar a boca envelhece Sobre a palavra a noite aproxima-se da chama […]
Aqui estão as mãos. São os mais belos sinais da terra. Os anjos nascem aqui: frescos, matinais, quase de orvalho, […]
Quando a ternura parece já do seu ofício fatigada, e o sono, a mais incerta barca, inda demora, quando azuis […]
Sei agora como nasceu a alegria, como nasce o vento entre barcos de papel, como nasce a água ou o […]
O domingo era uma coisa pequena. Uma coisa tão pequena que cabia inteirinha nos teus olhos. Nas tuas mãos estavam […]
Entre os teus lábios é que a loucura acode desce à garganta, invade a água. No teu peito é que […]
Nada nem o branco fogo do trigo nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros te dirão a palavra Não […]
O outono vem vindo, chegam melancolias, cavam fundo no corpo, instalam-se nas fendas; às vezes por aí ficam com a […]
Estou a amar-te como o frio corta os lábios. A arrancar a raiz ao mais diminuto dos rios. A inundar-te […]
O outono por assim dizer pois era verão forrado de agulhas a cal rumorosa do sol dos cardos sem outras […]
No mais fundo de ti, eu sei que traí, mãe Tudo porque já não sou o retrato adormecido no fundo […]
Se pudesse, coroava-te de rosas neste dia – de rosas brancas e de folhas verdes, tão jovens como tu, minha […]
Acordo na manhã de oiro entre o teu rosto e o mar. As mão afagam a luz, prolongam o dia […]
Não voltarei à fonte dos teus flancos ao fogo espesso do verão a escorrer infatigável dos espelhos, não voltarei. Não […]
Não sei como vieste, mas deve haver um caminho para regressar da morte. Estás sentada no jardim, as mãos no […]
É urgente o amor É urgente um barco no mar É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns […]
Como um sol de polpa escura para levar à boca, eis as mãos: procuram-te desde o chão, entre os veios […]
O amor é uma ave a tremer nas mãos de uma criança. Serve-se de palavras por ignorar que as manhãs […]
Amar-te assim desvelado entre barro fresco e ardor. Sorver o rumor das luzes entre os teus lábios fendidos. Deslizar pela […]
É Natal, nunca estive tão só. Nem sequer neva como nos versos do Pessoa ou nos bosques da Nova Inglaterra. […]
O teu rosto inclinado pelo vento; a feroz brancura dos teus dentes; as mãos, de certo modo, irresponsáveis, e contudo […]
No fim do verão as crianças voltam, correm no molhe, correm no vento. Tive medo que não voltassem. Porque as […]
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de […]