Poema Na Ampla Praça há apenas Plátanos

Na ampla praça há apenas plátanos.
Nem crianças a correm de tão fria,
nem estátuas a comovem bronzeadas.
Das margens secas, com ilhas e outras casas,
janelas, se as há, são quase setas.
O frio perfurou tábuas e latas.
Um vento seco corta junto aos olhos.

O espaço é recomposto agora mesmo: na praça
estou na sombra dos plátanos
e tudo vejo com vontade e amor.
Mas não chega a presença ou a vontade.
Outros não chegam, ou aparecem apressados.
Nomes se referem. Desenha-se um olhar.
Apenas gesto, memória, sombra rara.

Envolvo-me na praça. Os plátanos cobrem-me.
Das margens sempre vem algum calor.
Renascem os olhos. Os plátanos movem-se.
As casas iluminam-se. Um grito
cobre a sombra e assim anima
a ampla solidão de todos nós.

(1 votes, average: 5,00 out of 5)

Mais poemas:

A Praça A praça da Figueira de manhã, Quando o dia é de sol (como acontece Sempre em Lisboa), nunca em mim […]...
Fosse eu Apenas, não Sei Onde ou Como Fosse eu apenas, não sei onde ou como, Uma coisa existente sem viver, Noite de Vida sem amanhecer Entre as […]...
Primeira Casa Muitas vezes, por outras casas e noutros países sonhava com o soalho antigo e a varanda onde um entardecer de […]...
Quero-te Apenas Porque a Ti Eu Quero Não te quero senão porque te quero e de querer-te a não querer-te chego e de esperar-te quando não te […]...
Meteu-me Amor em seu Trato Meteu-me Amor em seu trato, Pôs-me os seus gostos na praça, Quanto quis me deu de graça. Mas é caro […]...
Dias Inúteis Ficarão perdidos os dias que não tivemos juntos. Dias inúteis encostados a paredes e muros envelhecidos. Dias sem calendário, horas […]...
Debaixo Minha Vontade (Sextina) Ontem pôs-se o sol, e a noute cobriu de sombra esta terra. Agora é já outro dia, tudo torna, […]...
Ontem Pôs-se o Sol Ontem pôs-se o sol, e a noute cobriu de sombra esta terra. Agora é já outro dia, tudo torna, torna […]...
Poema da Memória Havia no meu tempo um rio chamado Tejo que se estendia ao Sol na linha do horizonte. Ia de ponta […]...
Poesia Depois da Chuva A Maria Guiomar Depois da chuva o Sol – a graça. Oh! a terra molhada iluminada! E os regos de […]...
Saudoso já deste Verão que Veio Saudoso já deste verão que veio, Lágrimas para as flores dele emprego Na lembrança invertida De quando hei de perdê-las. […]...
Corre, Já entre Serras Escarpadas Corre, já entre serras escarpadas, Já sobre largos campos, murmurando. o Tieté, e, as águas engrossando, soberbo alaga as margens […]...
Lisboa Lisboa com suas casas De várias cores, Lisboa com suas casas De várias cores, Lisboa com suas casas De várias […]...
Meus Olhos Vêem Melhor se os Vou Fechando Meus olhos vêem melhor se os vou fechando. Viram coisas de dia e foi em vão, mas quando durmo, em […]...
Do Vale à Montanha Do vale à montanha, Da montanha ao monte, cavalo de sombra, Cavaleiro monge, Por casas, por prados, Por Quinta e […]...
Demogorgon Na rua cheia de sol vago há casas paradas e gente que anda. Uma tristeza cheia de pavor esfria-me. Pressinto […]...
Antes que Seja Tarde Amigo, tu que choras uma angústia qualquer e falas de coisas mansas como o luar e paradas como as águas […]...
As Palavras Interditas Os navios existem, e existe o teu rosto encostado ao rosto dos navios. Sem nenhum destino flutuam nas cidades, partem […]...
Respira Naturalmente Respira naturalmente como erva Acordada ao orvalho da manhã. Voz exacta da noite é o silêncio e a Seta que […]...
Um Poema de Amor Não sei onde estás, se falas ou se apenas olhas o horizonte, que pode ser apenas o de uma parede […]...
O Portugal Futuro O portugal futuro é um país aonde o puro pássaro é possível e sobre o leito negro do asfalto da […]...
Fonte Meu amor diz-me o teu nome – Nome que desaprendi… Diz-me apenas o teu nome. Nada mais quero de ti. […]...
10 A nuvem anuncia a secura das casas. Um homem desloca-se devagar, atravessa uma plantação de café em silêncio, como as […]...
Se a Luz Tivesse Beiços Se a luz tivesse beiços rir-se-ia de quem fecha os olhos para ver do claro dia apenas sombra e esquivando […]...
Praia do Esquecimento Fujo da sombra; cerro os olhos: não há nada. A minha vida nem consente rumor de gente na praia desolada. […]...
Os Grandes Indiferentes Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia Tinha não sei qual guerra, Quando a invasão ardia na cidade E as […]...
Carta (a um Amigo que me Pediu Versos) Como hei-de ser um Petrarca, Cantar como um rouxinol, Se o meu termómetro marca Quarenta e dois graus ao sol! […]...
Ó Minha Felicidade Revejo os pombos de São Marcos: A praça está silenciosa; ali se repousa a manhã. Indolentemente envio os meus cantos […]...
Duplo Império Atravesso as pontes mas (o que é incompreensível) não atravesso os rios, preso como uma seta nos efeitos precários da […]...
Paisagem Única Olhas-me tu: e nos teus olhos vejo Que eu sou apenas quem se vê: assim Tu tanto me entregaste ao […]...
Ergo Meus Olhos Ergo meus olhos vagos, na distância Da sombra do meu Ser… Pairam de mim além, e a minha Ânsia Cansa […]...
Nenhuma outra Viajará pela Sombra Comigo Já és minha. Repousa com teu sono no meu sono. Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora. Gira a noite em […]...
Poemas São como Vitrais Pintados Poemas são como vitrais pintados! Se olharmos da praça para a igreja, Tudo é escuro e sombrio; E é assim […]...
Não Quero Mais que o Dado Do que quero renego, se o querê-lo Me pesa na vontade. Nada que haja Vale que lhe concedamos Uma atenção […]...
Elogio da Amada Ei-la que vem ubérrima numerosa escolhida secreta cheia de pensamentos isenta de cuidados Vem sentada na nova primavera cercada de […]...
O Amor, Meu Amor Nosso amor é impuro como impura é a luz e a água e tudo quanto nasce e vive além do […]...
O Amigo 1. Um amigo, o primeiro amigo dentro da nuvem de um sonho. O impossível toca-nos as mãos subitamente – o […]...
Despedida Uma harpa envelhece. Nada se ouve ao longo dos canais e os remadores sonham junto às estátuas de treva. A […]...
A Sensibilidade Humanizada Que lindos olhos de azúl inocente os do pequenito do agiota! Santo Deus, que entroncamento esta vida! Tive sempre, feliz […]...
Eu Digo do Amor não Mais que a Sombra Eu digo do amor não mais que a sombra. Agora o quarto oferece toda a inclinação da luz aos dedos […]...