Poesia Portuguesa

Poemas em Português



Poema A Guerra

E tropeçavam todos nalgum vulto,
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado – um vulto
de esfinge ou de mulher.

Caíam como heróis os que não o eram,
pesados de infortúnio e solidão.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)

Inimigos não tinham a não ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles,
só na esp’rança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
– imponderável e oculto –
de esfinge, ou de mulher.


1 Star2 Stars3 Stars4 Stars5 Stars (2 votes, average: 5,00 out of 5)

Poema A Guerra - David Mourão-Ferreira