Autor Cecília Meireles

Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; – depois, abri o mar com as […]

Tão velho estou como árvore no inverno, vulcão sufocado, pássaro sonolento. Tão velho estou, de pálpebras baixas, acostumado apenas ao […]

Meus companheiros amados, não vos espero nem chamo: porque vou para outros lados. Mas é certo que vos amo. Nem […]

Imensas noites de Inverno, com frias montanhas mudas, é o mar negro, mais eterno, mais terrível, mais profundo. (…) A […]

Sentei-me sem perguntas à beira da terra, e ouvi narrarem-se casualmente os que passavam. Tenho a garganta amarga e os […]

O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as […]

Antiga cantiga da amiga deixada. Musgo da piscina, de uma água tão fina, sobre a qual se inclina a lua […]

Cabecinha boa de menino triste, de menino triste que sofre sozinho, que sozinho sofre, – e resiste, Cabecinha boa de […]

Teu nome é quase indiferente e nem teu rosto já me inquieta. A arte de amar é exatamente a de […]

O que amamos está sempre longe de nós: e longe mesmo do que amamos – que não sabe de onde […]

Fiz uma canção para dar-te; porém tu já estavas morrendo. A Morte é um poderoso vento. E é um suspiro […]

Quem se deleita em tornar minha vida impossível por todos os lados? Certamente estás rindo de longe, ó encoberto adversário! […]

Basta-me um pequeno gesto, feito de longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve. […]

Que faremos destes jornais, com telegramas, notícias, anúncios, fotografias, opiniões…? Caem as folhas secas sobre os longos relatos de guerra: […]

Hornem vulgar! Homem de coração mesquinho! Eu te quero ensinar a arte sublime de rir. Dobra essa orelha grosseira, e […]

De que são feitos os dias? – De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças. Entre mágoas sombrias, momentâneos lampejos: vagas […]

De longe te hei-de amar – da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância. Do […]

Tanto é o sangue que os rios desistem de seu ritmo, e o oceano delira e rejeita as espumas vermelhas. […]

No meio do mundo faz frio, faz frio no meio do mundo, muito frio. Mandei armar o meu navio. Volveremos […]

Eu vi o raio de sol beijar o outono. Eu vi na mão dos adeuses o anel de ouro. Não […]

Teu nome é quase indiferente e nem teu rosto já me inquieta. A arte de amar é exactamente a de […]

Noite perdida, não te lamento: embarco a vida no pensamento, busco a alvorada do sonho isento, puro e sem nada, […]

Sem corpo nenhum, como te hei de amar? – Minha alma, minha alma, tu mesma escolheste esse doce mal! Sem […]

Onde é que dói na minha vida, para que eu me sinta tão mal? quem foi que me deixou ferida […]

Quem tivesse um amor, nesta noite de lua, para pensar um belo pensamento e pousá-lo no vento! Quem tivesse um […]

Vestiu-se para um baile que não há. Sentou-se com suas últimas jóias. E olha para o lado, imóvel. Está vendo […]

Se o amor ainda medrasse, aqui ficava contigo, pois gosto da tua face, desse teu riso de fonte, e do […]

Pergunto-te onde se acha a minha vida. Em que dia fui eu. Que hora existiu formada de uma verdade minha […]

Como se morre de velhice ou de acidente ou de doença, morro, Senhor, de indiferença. Da indiferença deste mundo onde […]

Minha esperança perdeu seu nome… Fechei meu sonho, para chamá-la. A tristeza transfigurou-me como o luar que entra numa sala. […]

Ainda correm lágrimas pelos teus grisalhos, tristes cabelos, na terra vã desintegrados, em pequenas flores tornados. Todos os dias estás […]

Aqui está minha vida – esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento. Aqui está minha voz […]

Ninguém me venha dar vida, que estou morrendo de amor, que estou feliz de morrer, que não tenho mal nem […]

Sede assim – qualquer coisa serena, isenta, fiel. Flor que se cumpre, sem pergunta. Onda que se esforça, por exercício […]

Tenho fases, como a lua, Fases de andar escondida, fases de vir para a rua… Perdição da minha vida! Perdição […]

Não te fies do tempo nem da eternidade que as nuvens me puxam pelos vestidos, que os ventos me arrastam […]

Se te abaixasses, montanha, poderia ver a mão daquele que não me fala e a quem meus suspiros vão. Se […]

O que é preciso é entender a solidão! O que é preciso é aceitar, mesmo, a onda amarga que leva […]

A palavra que te disse, talvez por ser tão pequena, em tais desprezos perdeu-se que não deixou nem pena. Murmurei-a […]

Ninguém abra a sua porta para ver que aconteceu: saímos de braço dado, a noite escura mais eu. Ela não […]