Poema Clareira
Quando depois do amor
ela está estendida
para o céu
e as pernas
reluzem
e a boca
tem o ar
de uma bicicleta junto
a uma macieira
e seu corpo
se move
e os seios
estão no tanque
dentro da sombra
tomo-a
mil vezes
e lhe sopro na boca
o ar
que esfriou na distância
que separa
a fruteira de cristal
dos lábios
que a moldaram
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