Autor António Ramos Rosa

Se é clara a luz desta vermelha margem é porque dela se ergue uma figura nua e o silêncio é […]

Não choro pela pátria Ninguém chora pela pátria Retém-se o grito que lavra pelo corpo sulcos sangrentos e o faz […]

Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade. Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital. […]

Para um amigo tenho sempre um relógio esquecido em qualquer fundo de algibeira. Mas esse relógio não marca o tempo […]

A leitora abre o espaço num sopro subtil. Lê na violência e no espanto da brancura. Principia apaixonada, de surpresa […]

Ligeira sobre o dia ao som dos jogos, desliza com o vento num encantado gozo. Pelas praias do ar difunde-se […]

As palavras esperam o sono e a música do sangue sobre as pedras corre a primeira treva surge o primeiro […]

Eleva-se entre a espuma, verde e cristalina e a alegria aviva-se em redonda ressonância. O seu olhar é um sonho […]

Imaginar a forma doutro ser Na língua, proferir o seu desejo O toque inteiro Não existir Se o digo acendo […]

Não posso adiar o amor para outro século não posso ainda que o grito sufoque na garganta ainda que o […]

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas, calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes. Sequências de convergências e divergências, ordem e […]

O sabor do pão e da terra e uma luva de orvalho na mão ligeira. A flor fresca que respiro […]

A noite trocou-me os sonhos e as mãos dispersou-me os amigos tenho o coração confundido e a rua é estreita […]

A verdade é semelhante a uma adolescente vibrante, flexível, em radiosa sombra. Quando fala é a noite translúcida no mar […]

Amo o teu túmido candor de astro a tua pura integridade delicada a tua permanente adolescência de segredo a tua […]

Vive-se quando se vive a substância intacta em estar a ser sua ardente harmonia que se expande em clara atmosfera […]

Um ofício que fosse de intensidade e calma e de um fulgor feliz E que durasse com a densidade ardente […]

É por ti que escrevo que não és musa nem deusa mas a mulher do meu horizonte na imperfeição e […]

Escuto na palavra a festa do silêncio. Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se. As coisas vacilam tão próximas […]

Por vezes cada objecto se ilumina do que no passar é pausa íntima entre sons minuciosos que inclinam a atenção […]